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João Fênix ressurge nos palcos cariocas

Por Affonso Nunes

Com seu timbre singular de soprano, o pernambucano Fênix celebrou 25 anos de carreira com o lançamento do álbum “Minha boca não tem nome” - que é, seguramente, seu melhor trabalho. O show volta aos palcos cariocas em apresentação única no próximo dia 22, no Teatro Rival. O cantor trará como convidados especiais nomes representativos da nova geração de cantores de Recife como Almério, Airton Montarroyos e Martins.

Provocativo, debochado e visceral, “Minha boca não tem nome” é um retrato fiel de um país cada vez mais dividido e polarizado, mas reafirma sua aposta de que essa doença social pode ter cura e ela está na arte.

- O disco fala desse momento do Brasil, das cisões e polarizações, e reafirma posicionamentos e questões que sempre permearam o meu trabalho - comenta João Fênix.

Com direção artística de André Brasileiro, o show apresenta o repertório do disco homônimo, mas também músicas nunca gravadas por Fênix, como “Chama“ - grande sucesso de Joanna -, ou extraídas de álbuns anteriores, como “Língua do P“, de Gilberto Gil.

- Pensamos em blocos com canções do disco e fora dele para compor o repertório com os temas: política, humanidade, sexualidade, religiosidade e relações amorosas para o bem ou para o mal - antecipa Fênix.

Assim como no CD, o artista expõe e reafirma sua sexualidade e suas crenças religiosas.

- Celebro minha religião ao homenagear o orixá que me deu minha voz, Iansã. E canto sobre minha necessidade de amar, ser amado e toda decepção e glória intrínsecas neste jogo da vida - discursa.

Com produção de Guilherme Kastrup (responsável pelos aclamados discos da Elza Soares, “A mulher do fim do mundo“ e “Deus é mulher“) e Jaime Alem (que foi maestro de Maria Bethânia por mais de 30 anos), o CD “Minha boca não tem nome“ trouxe inéditas de Moreno Veloso, Pedro Luís, César Lacerda, Álvaro e Ivor Lancelotti, além de um lado B de Caetano Veloso, de Reginaldo Rossi e uma canção de Sergio Sampaio, “Roda morta“ com uma letra que parece ter sido escrita para esses dias: “O triste em tudo isso é isso tudo/A sordidez do conteúdo desses dias maquinais/E as máquinas cavando um poço fundo entre os braçais/eu mesmo e o mundo dos salões coloniais/Colônias de abutres colunáveis/Gaviões bem sociáveis vomitando entre os cristais”

No palco, Fênix é acompanhado pela mesma banda que gravou o CD: Guilherme Kastrup (bateria, percussões e atmosphere), Jaime Alem (violões e guitarra), Alberto Continentino (baixo e baixo synth) e Dustan Galas (teclados, guitarra e synth). O espetáculo é assumidamente político, como faz questão de frisar o cantor: - O show aprofunda o pensamento de refletir e questionar sobre humanidade e o que de nobre nos motiva a seguir adiante. Entretanto, ao tocar de forma ácida no assunto político, tem um lado: o lado da democracia.

Serviço

JOÃO FÊNIX – “Minha boca não tem nome”

Teatro Rival (Rua Álvaro Alvim, 33 - Centro - Tel: 2240-9796);

22/1, às 19h30;

Ingressos: R$ 60, R$ 40 (promoção para os cem primeiros pagantes) e R$ 30.

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