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Antunes Filho brilha na cauda do cometa

Por Cláudia Chaves
Especial para o Correio da Manhã

Existem marcos na história do Teatro Brasileiro. E no pódio, com certeza está “Macunaíma”, de Antunes Filho. Transformar em teatro uma literatura transformadora, um livro emblemático, em um espetáculo inenarrável. E Antunes, o poeta da cena, leva todo esse talento e liderança para o CPT – Centro de Pesquisa Teatral do Sesc, que funciona basicamente na Consolação, onde de 1982 até 2019, ano de sua morte, excedeu plateias no duplo movimento de formar, inventar, criar, seduzir, encantar e marcar.

É essa trajetória que está na série documental CPT–SESC por Danilo Santos de Miranda, que estreou em 18 de maio e segue com 10 episódios até o dia 13 de julho youtube.com/cptsesc e na plataforma Sesc Digital. Para contar essa história, conversamos com Danilo Miranda, o diretor que trouxe uma nova visão do que é gestão cultural e provou que é possível misturar elite e povo, alta cultura e cultura popular, colocando lado a lado as melhores iniciativas, o que torna o conjunto dos equipamentos do SESC-SP o melhor conjunto de arte e cultura do Brasil.

“Antunes era inquieto. Queria fazer um teatro serio, do ator, textos densos e importantes. Quando assumi a direção do SESC, em 1984, tivemos um certo estranhamento. Aos poucos vai conquistando uma amizade. Um mútuo comprometimento da ação do SESC, da visão do Sesc do caráter educativo da Cultura. O teatro como uma forma de inserção mais do que uma mera ferramenta. Uma reflexão da sociedade sobre as grandes questões”, conta Danilo.

Antunes era um homem das artes. Profundo conhecimento das artes visuais, cinema, literatura. Juntava tudo no CTP que ganhava uma força muito grande na formação de atores, diretores, cenotécnicos, cenógrafos, o teatro completo. Tive uma aproximação grande com o Antunes. Macunaíma foi a grande explosão da arte de Antunes com um texto brasileiro, percorrendo o imaginário profundo, grande. Conquistou o mundo. É o grande espetáculo. Mas fez também Macbeth, Pedra do Reino, Bonde chamado

Desejo. Criou o Fonemol , um teatro de palavras inventadas, sem palavras conhecidas, uma invenção genial, onde a expressão, o gesto o ator que diz sem falar, na língua criada por Antunes para expressar o seu fundamento: o teatro da presença do ator.

Tudo do CPT está registrado na plataforma digital que mantemos como um legado na formação, na discussão, na difusão com outros colaboradores. Legado que mantém e que preserva. Todo o figurino está guardado e mostrado no Centro de Memória.

Antunes foi um marco, um cometa brilhante, forte, que deixou uma cauda o seu legado que continua brilhando, deixando o seu rastro. Uma figura que guardamos com muita satisfação com muito alegria.”

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