Nova bandeira na conta de luz pode elevar tarifa em 8,12%

O reajuste na bandeira tarifária cobrada para bancar as térmicas terá um impacto médio de 8,12% na conta de luz em junho, calcula o economista André Braz, responsável pela elaboração dos índices de inflação medidos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), considerando o aumento de 52% na tarifa da bandeira vermelha nível 2, que passará de R$ 6,24 para R$ 9,49 por kWh (quilowatt-hora).

A elevação tem por objetivo arrecadar mais recursos para enfrentar a crise hídrica, que levou o governo a acionar todo o parque térmico disponível, independente do preço de geração de energia. Além disso, sinaliza ao consumidor a necessidade de economizar luz.

Com a escassez de água nos reservatórios das hidrelétricas, a tendência é de que o brasileiro continue pagando a bandeira vermelha durante o período seco, que vai até o início da primavera. Assim, a energia se manterá como um fator de pressão inflacionária.

Braz diz que o impacto direto no IPCA pode ser temporário, já que a tendência é que a taxa seja retirada no fim do ano, quando as chuvas começam. Porém, ele ressalta que o custo da energia tem efeito indireto sobre a inflação de outros produtos.

"Sempre que a energia aumenta, cresce o custo de produção de vários segmentos. Então, esses impactos não seriam tão temporários, vão ser mais persistentes e isso pode, sim, criar uma pressão inflacionária maior para esse ano", disse.

Em maio, com a adoção da bandeira vermelha nível 2, a energia já foi o principal fator de pressão do IPCA, que fechou o mês em 0,83% no país, após variação de 0,31% em abril.

Foi o maior resultado para maio desde 1996 (1,22%). No acumulado de 12 meses até maio, a inflação chegou a 8,06%, bem acima do teto da meta para o ano, de 5,25%.

O aumento do valor da bandeira foi decidido nesta terça (29) pela Agência Nacional de Energia Elétrica. A direção da agência decidiu não seguir orientação da área técnica, que pedia reajuste de 11,5%, deixando a cobertura de parte dos custos adicionais para 2022.

Além de pesar no bolso do consumidor, a elevação dos preços da energia no país em decorrência da crise hídrica pode reduzir o espaço no teto de gastos em 2022, segundo nota informativa do Ministério da Economia, divulgada nesta terça.

De acordo com análise feita pela Secretaria de Política Econômica, o atual cenário de risco hidrológico pode exigir novas elevações de preços de energia – com um efeito direto na inflação usada para calcular o reajuste de despesas previdenciárias e itens como o BPC.

Na segunda (28), o ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia) fez um pronunciamento em rede nacional de TV pedindo que a população poupe energia e água para enfrentar a crise hídrica.