O filósofo da esperança

Por Arnaldo Niskier*

Tarcísio Padilha, filósofo e professor vitimado pela covid-19, aos 93 anos de idade, foi, indiscutivelmente, um homem culto. Demostrou isso no convívio desde 1991, na Academia Brasileira de Letras. Tive o privilégio de recepcioná-lo na Casa de Machado de Assis.

A lembrança do pensador francês Louis Lavelle marcou o nosso primeiro encontro. Estávamos no ano de 1955 e ele defendia, no auditório do Instituto Lafayette, a cátedra de História da Filosofia da faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da então Universidade do Distrito Federal, hoje Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Foi um encontro memorável, em que o jovem candidato, então aos 27 anos de idade, ganhou a cátedra de forma brilhante. Tirou dez em todas as provas.

Tarcísio Padilha ficou marcado pela filosofia de Louis Lavelle e, numa dinâmica inversa, marcou o meu espírito de estudante e, na vida, permitiu que nossa amizade se cruzasse. Fui seu aluno duas vezes na UERJ e, ainda, na Escola Superior de Guerra. Ele era um destacada membro do seu corpo permanente, com aulas maravilhosas de filosofia da Educação.

Tive o privilégio de recebê-lo na ABL e, depois, contei com sua colaboração, como secretário-geral, quando presidi a Academia. Ganhou o apelido de “filósofo da esperança”, pois escreveu muito a respeito desse tema. Um dos seus sete livros publicados foi “Filosofia da Esperança”, o que o levou a Encyclopedie Philosophique Universelle, de Paris, a incluir o seu nome entre os 5 mil filósofos mais importantes de todos os tempos.

Homem equilibrado, considerava que toda ideologia enseja um fechamento do homem sobre si mesmo. Sua filosofia da esperança unia theoria e praxis. Procurava enriquecer a participação existencial dos seres humanos no mundo, preservando a dignidade da pessoa humana, salvando o homem moderno da sua angústia, buscando um vetor da democratização.

Segundo Padilha, o modismo é uma espécie de busca do palco, momentaneamente iluminado, por um pensador, cuja vida útil em geral não ultrapassa um lustro. Foi com muita competência que ele tratou da minha ecologia do conhecimento. Suas palavras como escritor, educador e filósofo foram muito aplaudidas. Elas sobreviverão para sempre.

Segundo Padilha, o modismo é uma espécie de busca do palco, momentaneamente iluminado, por um pensador, cuja vida útil em geral não ultrapassa um lustro. Foi com muita competência que ele tratou da ecologia do conhecimento. Suas palavras como escritor, educador e filósofo foram muito aplaudidas. Elas sobreviverão para sempre.

*Ex-presidente da Academia Brasileira de Letras