Protagonismo feminino é destaque no meio corporativo

Em um evidente avanço histórico, mulheres vêm desempenhando papéis aos quais antes eram preteridas, sendo o termo "empoderamento feminino" um destaque nas relações sociais. Direitos básicos como votar, estudar, trabalhar, se divorciar, exercer cargos políticos e de liderança, entre tantos outros, foram adquiridos no desenrolar do último século. No mês que se comemora o Dia Internacional da Mulher, cinco grandes exemplos de sucesso no mundo corporativo, mulheres em cargos de liderança em um mercado inovador em expansão, dão depoimentos sobre sua trajetória, conquistas, e dicas para alcançar o topo, que muitas das vezes, é destinado aos homens.

"É incrível ver tantas mulheres inovadoras em liderança dentro desse ecossistema, e sendo elas associadas da AB2L dá um orgulho maior ainda", destacou Lívia Carolina, diretora de Operações da Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs.

Com a revolução industrial, e em razão de diversos protestos, as mulheres finalmente iniciaram uma jornada de busca de paridade nos mais diversos campos, sejam estes familiares, profissionais, políticos etc. A cada passo conquistado novas metas se descortinam e os espaços vão se abrindo nos mais diversos setores. Reduzir a diferença entre os gêneros pode ser uma das maneiras mais positivas de impactar a economia, conforme estudo divulgado pelo Boston Consulting Group, que apontou que o PIB mundial poderia ser elevado entre US$ 2,5 e 5 trilhões, apenas igualando homens e mulheres em altos cargos executivos.

Alguns dos principais desafios das mulheres que resolvem empreender na área de tecnologia e inovação envolvem a jornada tripla de trabalho. Muitas vezes elas têm que conciliar obrigações familiares e em casa com as decisões de negócios e a dificuldade de inserção em uma área dominada por homens. Segundo o DataSebrae, 9,3 milhões de mulheres estão à frente de negócios. Destas, 45% são a principal renda da casa. As mulheres conseguiram conquistar espaço em diversas áreas e, apesar de seu brilhantismo nas áreas empresariais, não deixam de lado sua vida pessoal.

Resultado de todo esse empoderamento, Andressa Barros, CEO do escritório Fragata e Antunes Advogados, conta um pouco de sua história. “Iniciei minha carreira no Fragata e Antunes em 2000. Cresci aqui e me tornei sócia. Em 2013 recebi um convite para pilotar um projeto em outro escritório de grande porte e lá assumi a gestão da controladoria nacional, desenvolvendo várias soluções tecnológicas para a gestão do contencioso. Em 2020 fui convidada a retornar ao Fragata e assumi a banca como CEO. Uma das poucas mulheres nesta posição.”

Em seu papel institucional, a Ordem dos Advogados (OAB) vem se destacando na luta por igualdade de gênero, no sentido de melhorar as condições de trabalho da mulher advogada por meio de trabalhos de conscientização, e de suas comissões especializadas ao buscar um tratamento diferenciado às mulheres gestantes, lactantes e para aquelas que optam pela adoção.

Lilian Toledo, analista de políticas públicas do SEBRAE Nacional, conta que se orgulha muito de sua trajetória na instituição. Lilian é advogada e nas horas vagas influenciadora digital com um perfil de divulgação de docerias e cafés em Brasília, com mais de 37 mil inscritos. “O Sebrae é entidade nacional que trabalha desde 1972 em prol do empreendedorismo. Minha atuação é focada em políticas públicas que ampliem o acesso à Justiça e meu principal desafio é promover a desjudicialização de conflitos empresariais.”

No meio judicial, majoritariamente masculino, temos ainda o exemplo de Lívia Carolina, diretora de operações da Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs (AB2L): “Conhecer o ecossistema da AB2L foi a resposta para vários questionamentos profissionais. Fico feliz em apoiar a transformação do direito através das lawtechs, trabalhando em conjunto para que o ambiente regulatório seja favorável à inovação e que a sociedade se beneficie de uma nova experiência de justiça através de dados, tecnologia e foco nas necessidades do ser humano.”

Seu pensamento caminha junto com o de Lilian, que vê o futuro do direito, da justiça e das lawtechs atrelado ao uso da jurimetria, tecnologia e linguagem simples como propulsores da advocacia e Judiciário.

Tem ainda o exemplo de Monica Escanho, diretora jurídica da Heineken Brasil. Na empresa há 24 anos, Monica atualmente é responsável pelo contencioso, e destaca: “Meu maior desafio é reduzir o passivo e prevenir o futuro. A ideia é utilizar ferramentas tecnológicas para o atingimento desta meta.”

A simplificação do acesso à justiça tem permitido o avanço acelerado do mercado global de tecnologia jurídica. Segundo a Statista – empresa alemã especializada em dados do mercado -, em 2020 esse tipo de serviço gerou US$ 17,58 bilhões de receita mundial. Visando a organização e o diálogo entre as empresas de tecnologia jurídica, a AB2L, que reúne as quatro empresas mencionadas, entre outras, foi criada para dar maior suporte a esse mercado no Brasil. Ao todo já são mais de 300 lawtechs e legaltechs (startups do segmento jurídico) associadas. Apesar de ser uma área ainda pouco explorada no país, o crescimento é nítido e há grandes ambições para os próximos anos.

Luiza Leite, CEO da Dados Legais e advogada especialista em segurança digital finaliza: “Startups fundadas e lideradas por mulheres demandam um esforço extra para conseguir aporte de investimento de risco. A Dados Legais surgiu como uma tecnologia que permite a instituições automatizarem os processos de compliance e privacidade, reduzindo custos e otimizando seus trabalhos. Uma das dificuldades em ser jovem e empreendedora é conseguir mostrar autoridade para o mercado, mostrar valor e potencial. Ficamos contentes em ter contornado os impactos econômicos da crise sanitária e estarmos conduzindo a empresa para o seu crescimento”.