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Doria diz ter ordenado retirada de barracas da praça Princesa Isabel, a nova cracolândia

Por: Arthur Rodrigues

O governador João Doria (PSDB) afirmou nesta terça-feira que orientou a retirada de tendas para coibir o tráfico na praça Princesa Isabel, no centro de São Paulo, para onde migraram usuários de drogas da cracolândia.

A afirmação foi feita nesta terça (29) em evento para inauguração de passagem entre a estação da Luz da CPTM e a Sala São Paulo, batizada de Boulevard João Carlos Martins, homenagem ao pianista e maestro brasileiro.

Doria disse ter orientado o secretário da Segurança Pública, general João Campos, e membros da pasta para que haja a retirada, após ver cenas da Praça Princesa Isabel em uma reportagem na TV.

"Aonde você tem tenda, você tem o tráfico. Então a orientação que dei ao secretário de Segurança Pública, junto com a Guarda Civil Metropolitana, porque esse é um tema da prefeitura, não é um tema do estado, foi: barracas, não", disse.

Na praça, porém, antes dos usuários de drogas, havia uma grande quantidade de pessoas que ficaram sem moradia durante a crise econômica causada pela pandemia. 

Doria também se recusou a falar de política. "Vocês tão louquinhos para falar de política, de Eduardo Leite, PSDB, sucessão, tal, mas esse não é o nosso tema de hoje, nosso tema de hoje é cultura", disse.

Segundo o governo, os 210 metros de percurso no boulevard têm cobertura de vidro, sistema de iluminação projetado com lâmpadas led e fitas representando os dormentes uma via férrea.

Além disso, há um projeto paisagístico com jardim vertical e bancos de madeira no estilo dos usados na estação e sistema de som com música clássica no caminho.

Ocupada por famílias de trabalhadores que perderam renda durante a pandemia da Covid-19 e acabaram indo morar nas ruas, a praça Princesa Isabel se tornou um novo núcleo da cracolândia.

Até o último dia 23 de março, a Prefeitura de São Paulo havia contabilizado 255 barracas na praça. O local é estratégico, uma vez que a copa das árvores impede a visualização do local por drones e câmeras. Além disso, a praça tem muitas rotas de fuga, o que dificulta operações policiais contra o tráfico de drogas.

Nos antigos endereços da cracolândia, no entorno da praça Júlio Prestes, os frequentadores eram encurralados na rua Helvetia e na alameda Cleveland durante abordagens policiais. Duas vezes por dia, agentes especiais da GCM (Guarda Civil Metropolitana) obrigavam o fluxo a se deslocar para permitir a limpeza das ruas pelos funcionários da prefeitura. Muitas vezes a movimentação terminava em conflito. Já na Princesa Isabel, a facilidade em deixar o local é um atrativo mesmo aumentando a visibilidade do tráfico devido à proximidade com vias movimentadas da capital paulista.

Como acontecia no entorno da Júlio Prestes, o comércio próximo da Princesa Isabel já se reorganizou para encerrar o expediente mais cedo, enquanto moradores passaram a evitar sair durante a noite, fruto do medo da violência na região.

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