Por:

Motoristas e entregadores de aplicativos dizem que greve atinge 17 cidades

Por: Caio Mello

Trabalhadores de aplicativos como o Uber, a 99 Táxi e o iFood entraram em greve em diversos locais do país. Segundo o sindicato da categoria, motoristas e entregadores de pelo menos 17 cidades aderiram ao movimento desta terça (29).

No Rio de Janeiro, a greve dos aplicativos se somou à greve dos motoristas rodoviários, o que provocou uma dificuldade maior de locomoção, já que os aplicativos seriam a primeira alternativa aos ônibus. No entanto, ainda pela manhã, a situação dos ônibus da capital fluminense foi normalizada.

A greve acontece em meio à alta dos combustíveis no Brasil, que tem reduzido os ganhos dos trabalhadores. Além da questão financeira, os motoristas também reivindicam melhores condições de trabalho.

Apesar de o movimento acontecer em várias regiões e estados, não há uma unificação nacional em torno de todas as manifestações e paralisações.

Em Salvador, bem como em algumas cidades pernambucanas, a greve é feita em conjunto entre motoristas e entregadores.

Já em Manaus, por exemplo, a greve é apenas dos motoristas. Em São Paulo, motoristas deixaram de fazer corridas nesta terça e, na próxima sexta-feira (1º), será feita uma manifestação com concentração em frente ao Estádio do Pacaembu, na Praça Charles Miller.

Pela manhã, no centro do Rio de Janeiro, uma manifestação começou no Aeroporto Santos Dumont e se espalhou por várias localidades próximas. Uma grande faixa verde e amarela foi estendida pelas ruas.

Sindmobi (Sindicato dos Prestadores de Serviços Por Meio de Apps e Software para Dispositivos Eletrônicos do Rio de Janeiro e Região Metropolitana) e motorista da Uber e da 99 no Rio de Janeiro, os trabalhadores reivindicam ganho mínimo de R$ 10 e maior segurança. Ele cita que, para os passageiros, a tarifa teve um aumento de 25%, mas que não houve qualquer reajuste para os motoristas.

As corridas curtas se tornam inviáveis, pois o preço ofertado aos trabalhadores não custeia a própria viagem. Côrrea aponta que 35% dos motoristas já desistiram de rodar pelos aplicativos.

Nos últimos 12 meses, a chamada "inflação do carro", que acompanha os preços de todos os fatores de custeio de se manter um automóvel, marcou 17,03%, segundo a FGV (Fundação Getúlio Vargas).

O presidente do sindicato ainda afirmou que os aplicativos estariam resistindo e dizendo ser muito difícil atender as pautas propostas, em especial o Uber. "Se as demandas não forem atendidas, novas greves acontecerão. As empresas investem muito em marketing para dizer aos clientes que tratam bem os motoristas, mas não investem em ações para eles."

O QUE DIZEM OS APLICATIVOS

A reportagem entrou em contato com o iFood, mas não obteve resposta. Caso seja enviada, o texto será atualizado.

Já a 99 e a Uber enviaram notas sobre as manifestações e greves: 

"A 99 reconhece e respeita o direito de livre manifestação e está sempre aberta ao diálogo, mantendo seu compromisso em construir novas soluções para os motoristas parceiros. Diante dos aumentos no preço dos combustíveis e dos impactos gerados nos ganhos dos motoristas parceiros, o aplicativo 99 lançou, no dia 23 de março, um auxílio no ganho do motorista que aumenta sempre que o combustível sobe. Com isso, a empresa adiciona R$ 0,10 por quilômetro rodado para cada R$ 1 de aumento do combustível. Em São Paulo, em uma corrida de 12 km, que gasta 1 litro na média para carro popular, o reajuste é de R$ 2,04 para este trecho. Ou seja, o motorista recebe um valor superior por litro se comparado à diferença atual que paga pelo combustível, cerca de R$ 1,65.
A ferramenta foi desenvolvida pelo DriverLAB, um centro de inovações da empresa 100% focado nos motoristas parceiros. O adicional será reajustado automaticamente e mensalmente, de acordo com o valor da gasolina informado pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). A solução, inédita no Brasil, visa garantir previsibilidade e melhores condições financeiras aos parceiros.
Ao Adicional Variável de Combustível somam-se as outras iniciativas que a plataforma vem implementando para dar mais segurança financeira aos seus parceiros, como o pacote Mais Ganhos 99. Uma das ações do pacote, a Taxa Zero, oferece aos condutores 100% do valor das corridas em períodos e cidades específicas, além do recebimento de adicionais de congestionamento e deslocamento. Há, inclusive, casos em que é empregada a taxa negativa, ou seja, o valor repassado ao motorista é maior que o pago pelo passageiro. Esta diferença é custeada pela empresa para democratizar o acesso das pessoas e permitir mais ganhos aos parceiros."

"A Uber lançou um pacote de medidas para ajudar a mitigar os custos dos motoristas parceiros com a mais recente alta dos combustíveis. Estão sendo investidos cerca de R$ 100 milhões em iniciativas como promoções de ganhos adicionais e parcerias que ajudam a reduzir os custos dos parceiros, além de um reajuste temporário no preço das viagens.
O pacote faz parte de uma iniciativa global da empresa diante da instabilidade no cenário internacional causada pelo conflito no leste europeu, que tem pressionado custos de insumos em todo o mundo, particularmente os combustíveis.
O preço das viagens intermediadas pela plataforma foi reajustado temporariamente em 6,5%, com o objetivo de ajudar os motoristas parceiros a lidar com o pico de alta em seus custos operacionais.
Também estão sendo realizadas ações especiais de desconto de 20% no abastecimento de gasolina pelos motoristas parceiros, por meio de uma parceria de cashback entre a Uber Conta, rede Ipiranga e app abastece-aí.
É importante frisar que a Uber foi a primeira e atualmente é a única plataforma que oferece a seus parceiros, em todo o país, a possibilidade de ter desconto no combustível. Hoje, pagando com o Cartão Uber no app abastece-aí, o motorista parceiro já tem 4% de cashback em todos os abastecimentos."

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.