Delegados da PF aprovam paralisações e citam tratamento 'desrespeitoso'

A ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal) aprovou, em assembleia realizada na segunda e terça-feira (2 e 3), paralisações para pressionar o governo a promover a reestruturação das carreiras. Em nota, a associação cita "desrespeitoso" tratamento dado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) à corporação.

Segundo, a ADPF as paralisações serão parciais e progressivas, e o calendário ainda será definido em conjunto com as demais categorias da PF (Polícia Federal).

Outra proposta aprovada em assembleia foi o pedido de renúncia do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, "pelo desprestígio e desrespeitoso tratamento dado pelo presidente da República à Polícia Federal e ao próprio ministro". Torres é delegado da PF.

Também ficou decidido pela categoria que os associados poderão entregar cargos de chefia e recusar convites para assumir novos postos.

A queda de braço entre os delegados da PF e o governo ocorre após Bolsonaro garantir, em janeiro, que daria um aumento aos policiais federais, agentes penitenciários e rodoviários federais. O governo, porém, recuou e anunciou que concederia um reajuste de 5% aos servidores públicos.

A classe se sentiu traída, pois esperava o uso de R$ 1,7 bilhões do orçamento para uma reestruturação da carreira, o que concederia um reajuste maior e outras benesses para os policiais.

Segundo a entidade, a desvalorização dos policiais federais implica no enfraquecimento do combate à corrupção e ao crime organizado. "É importante destacar que a segurança pública foi a MAIOR bandeira de campanha do governo Bolsonaro e o destacado trabalho das forças de segurança vem sendo utilizado, indevidamente, pelo presidente como instrumento de marketing para a sua reeleição. Os policiais federais merecem respeito", diz ainda o comunicado.