Victor Hespanha se torna segundo brasileiro a voar para o espaço

Por: Phillippe Watanabe

O brasileiro Victor Correa Hespanha, 28, tornou-se, na manhã deste sábado (4), o segundo brasileiro a ir ao espaço. O engenheiro mineiro fez parte da missão NS-21, da Blue Origin, empresa do bilionário Jeff Bezos.

Antes de Hespanha, o único brasileiro a ir ao espaço foi Marcos Pontes, astronauta que ocupou o cargo de ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações de 2019 a 2022. Pontes, a trabalho pela Agência Espacial Brasileira, partiu da Terra em 30 de março de 2006 e ficou no espaço por dez dias -oito deles na Estação Espacial Internacional.

Pouco tempo antes da decolagem, realizada de West Texas (EUA), o brasileiro e os outros participantes da NS-21 tiveram uma surpresa. Na cabine de comando, estava o astronauta Charles Duke, um dos homens a pisar na Lua durante as missões Apollo, da Nasa.

"Parabéns por esse voo. Sei que vocês terão uma experiência excitante, assim como eu tive há 50 anos", afirmou Duke aos participantes da NS-21.

Em um vídeo exibido antes da decolagem, o brasileiro disse que olhava para estrelas e sonhava em ser um astronauta. "Eu represento esse sonho para mais de 200 milhões de brasileiros", afirmou ele, que levou ao espaço uma bandeira do Brasil.

O voo estava programado, originalmente, para o dia 20 de maio, mas acabou adiado por questões técnicas. Neste sábado, após um pequeno atraso, a missão decolou às 10h26, pelo horário de Brasília.

Quando a viagem completava quase três minutos, a cápsula se separou do foguete e os membros da missão experimentaram a sensação de microgravidade. De dentro da cabine, era possível ouvir os gritos de comemoração dos passageiros.

Com pouco mais de sete minutos de missão, o foguete já estava de volta à Terra, pousando com sucesso e com possibilidade de ser, mais uma vez, reutilizado.

A cápsula voltou em seguida. Com cerca de oito minutos de missão, os paraquedas já estavam abertos para trazer os astronautas em segurança de volta à Terra. Com dez minutos e cinco segundos, Hespanha e os outros tripulantes, tocaram o chão novamente.

Somente às 10h47 os participantes do voo saíram da cápsula, com a ajuda de equipes da Blue Origin. Em seguida, começaram a tirar fotos em frente à cápsula.

A viagem ao espaço -histórica e breve- de Hespanha ocorreu graças a um sorteio conduzido entre investidores da empresa Crypto Space Agency, que adquiriu a passagem. O valor do bilhete não foi divulgado (leia mais sobre custos nesta página).

A companhia comercializa NFTs (sigla para Non-Fungible Tokens), algo como uma propriedade única que só existe no mundo virtual. Ao comprar um NFT, o brasileiro acabou sorteado.

Hespanha fez parte de mais um voo de turismo espacial, atividade que se tornou uma realidade -cara- graças ao desenvolvimento de foguetes reutilizáveis.

Além do lugar de Hespanha, outro assento no veículo New Shepard foi destinado a um passageiro que não bancou seu próprio voo: a engenheira Katya Echazarreta. Esse lugar foi adquirido pela ONG Space for Humanity, que levou ao espaço a engenheira que já trabalhou em missões da Nasa e se tornou a primeira mulher nascida no México a deixar a Terra.

A tripulação da nave contou ainda com o engenheiro e investidor Evan Dick (em seu segundo passeio de New Shepard, depois de ter voado na NS-19, em dezembro de 2021), o empresário de aviação e piloto Hamish Harding, o empreendedor imobiliário Jaison Robinson e o investidor Victor Vescovo.

A Blue Origin, assim como a Virgin Galactic, faz voos suborbitais, que, basicamente, levam as pessoas para um pouquinho fora da atmosfera terrestre –a ponto de experimentarem a microgravidade e verem a Terra. Após a cápsula onde estão os astronautas atingir o ponto máximo, ela começa a descer na viagem de volta ao solo, que é amortecida por um conjunto de paraquedas.

Além dessas duas empresas, a SpaceX também já fez um mais complexo e histórico voo de turismo espacial, realizando o feito de colocar em órbita da Terra a primeira missão composta somente por civis, a Inspiration4.