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Com afundamento e alerta de risco, Expresso Tiradentes (SP) será reformado

Por: Fábio Pescarini

A SPTrans, estatal que controla o transporte público municipal na cidade de São Paulo, abriu licitação para contratar uma empresa para desenvolver estudos de obras estruturais no Expresso Tiradentes, corredor de ônibus sobre pistas e viadutos, desde o centro até um terminal na zona leste (Vila Prudente) e outro na zona sul (Sacomã).

Segundo edital, publicado na última quinta-feira (16) no Diário Oficial da Cidade de São Paulo, no trecho entre a estação Metrô Pedro 2º e o complexo viário Evaristo Comolatti está ocorrendo afundamento do pavimento, problema que no decorrer dos anos vem se agravando, conforme o documento.

O edital diz ainda que pela complexidade dos serviços, que exigem elevado grau de conhecimento técnico e em função da necessidade de solução, "é imprescindível que os serviços sejam executados o mais rápido possível, devido a constantes riscos a que estão sendo submetidos os usuários do corredor".

Em nota, a SPTrans afirmou que o termo publicado na quinta-feira foi redigido de forma equivocada "já que deveria indicar que a contratação se justifica para evitar riscos no futuro". A empresa pediu desculpas à população e disse que o documento será corrigido.

Entretanto, ele continuava com alerta de riscos no site da empresa no início da tarde desta segunda-feira (20).

"Não há riscos aos passageiros. Como o próprio texto do edital diz, em suas justificativas, a empresa que for contratada deverá realizar levantamento da situação do local para averiguação dos eventuais problemas existentes", afirma a estatal.

Questionada, a SPTrans não informou a estimativa do valor do projeto.

Segundo o documento, de quase 100 páginas, cerca de 80 metros do pavimento no sentido centro foram refeitos. "Mas, tendo em vista o agravamento das condições do pavimento do entrono, muros e contenções e demais componentes estruturais presentes no corredor, requer que ações sejam tomadas para evitar-se acidentes, visto que o local é de grande circulação de ônibus", diz.

O edital ainda afirma que pela avenida do Estado, nas proximidades da margem esquerda do rio Tamanduateí, estão situadas varias redes de drenagem e de diversas concessionárias, dentre as principais, um emissário de esgotos e uma linha de alta tensão, "das quais se desconhece as profundidades e situação de integridade das respectivas estruturas".

De acordo com o documento, o eixo sudeste do Expresso Tiradentes, que liga o centro ao terminal Sacomã, tem uma extensão de 9,7 km.

Os ônibus, que rodam a uma velocidade média de 47,6 km/h, transportam, em média, 93 mil passageiros em dias úteis. Em nota, porém, a estatal afirma que 35 mil pessoas usam as cinco linhas que passam em todo o corredor diariamente.

A SPTrans diz que além da realização dos estudos, a empresa contratada também irá realizar obras para dar maior durabilidade ao pavimento.

Segundo a estatal, a empresa contratada terá seis meses para apresentar um cronograma de desenvolvimento dos serviços. Os envelopes com as propostas serão abertos em 23 de agosto.

Histórico

Esta não é a primeira vez que há o registro de afundamento no Expresso Tiradentes. Em fevereiro de 2018, um trecho de aproximadamente 300 metros -entre a rua Dona Ana Néri e o Terminal Parque Dom Pedro 2º, no sentido centro- afundou 20 centímetros e precisou ser interditado.

O primeiro trecho do antigo Fura-Fila, como o expresso foi chamado no início, acabou entregue em 1998, ainda em período de testes, durante o governo de Celso Pitta (1997-2000).

Tecnicamente, especialistas classificam o Fura-Fila como o único BRT (sigla em inglês para sistema rápido de ônibus) paulistano, modelo que fica entre um corredor de ônibus comum e um metrô, em sua qualidade de serviço e capacidade de passageiros.

Em 1996, ao fim da gestão de Paulo Maluf (PP), a prefeitura estudava uma nova rede que pudesse transportar mais pessoas do que um sistema de ônibus comum e começou a saga da obra, que foi passando pelas mãos de quatro prefeitos.

Marta Suplicy (2001 a 2005) então no PT, chegou a chamar o empreendimento de desgraceira, devido ao alto custo e à baixa efetividade.

O projeto trocou de nome duas vezes e foi inaugurado da forma como está agora em 2007, na gestão Gilberto Kassab (então do DEM), como Expresso Tiradentes. Ao todo, o projeto consumiu R$ 1,2 bilhão.

Em 2006, a gestão Kassab prometeu que o Fura-Fila chegaria a Cidade Tiradentes. Mas, em 2009, a ideia foi cancelada, já que o Metrô anunciou o monotrilho da linha 15-prata, que percorreria o mesmo trajeto. Atualmente, o expresso conta com três terminais, seis estações e uma parada.

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