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‘Correio’ e ‘O Cruzeiro’: retorno em dose dupla

Por Cláudio Magnavita

O CORREIO DA MANHÃ começa a ser distribuído em Brasília esta semana. É mais uma vitória do jornal carioca, criado pelo jornalista e advogado gaúcho Edmundo Bittencourt em 1901, que voltou às bancas em setembro de 2019, depois de cinco décadas fora de circulação. A força nacional do CORREIO refletia a importância política do Rio como capital do país. Agora, com a edição no Rio e em Brasília, retomamos ainda mais o nosso DNA original.

A história do CORREIO DA MANHÃ é quase a história do país ao longo do século XX. Quando chegou às ruas, em 15 de junho de 1901, o Brasil vivia uma crise política resultante ainda da proclamação da República, em 1889. Com fortes raízes colonialistas, a nova nação sofria com a pressão de antigas oligarquias.

Voz do povo

Desde o início, o CORREIO se mostrou ao lado da voz do povo, cada vez mais consciente de seus direitos perante o poder público. Não é exagero dizer, portanto, que o jornal administrado por Edmundo Bittencourt rapidamente tornou-se querido pela população carioca. Lembre-se que, desde o século XVIII, o Rio de Janeiro era a capital do Brasil – o que tornava a cidade o grande centro de decisões políticas e administrativas de todo o país. Ter relevância no Rio significava ter respeito em todo o território nacional. Essa responsabilidade acompanhou o CORREIO durante décadas.

Com a popularidade crescente, o veículo se ramificou e foi pioneiro em grandes coberturas jornalísticas. A presença de seus jornalistas na Europa durante a Primeira Guerra, entre 1914 e 1918, reafirmou seu compromisso com a informação – e essa marca se repetiu em todos os grandes eventos locais e mundiais, como a Segunda Guerra (1939-1945), entre outros.

Como não poderia deixar de ser, o jornal acompanhou de perto a vida política brasileira, que teve no século XX episódios decisivos, desde o movimento tenentista, nos anos 1920, até a chegada dos militares ao poder, em 1964.

O CORREIO apoiou o governo militar logo no seu início, mas rapidamente fez sua autocrítica e posicionou-se contra um regime que estava se mostrando contrário às tradições democráticas do país. O jornal acabou sucumbindo às pressões do governo sobre os anunciantes, sendo colocado à venda em 1969.

Agora, o CORREIO incorpora as mudanças no mundo editorial e chega às bancas moderno, com periodicidade semanal e, claro, ligado às novas tecnologias da informação. Entre seus colaboradores estão nomes respeitados do jornalismo brasileiro, como Janio de Freitas, Ruy Castro, Nani e o próprio dirigente de um grupo que administra o “Correio” e outros Importantes títulos, Cláudio Magnavita, profissional da informação há 4 décadas.

Assim, a volta de dois veículos históricos como “O Cruzeiro” e o jornal CORREIO DA MANHÃ não deixa de ser uma boa notícia. No meio de uma crise profunda no setor editorial, em todo o planeta, essas duas grifes voltam para mostrar justamente que a informação e o entretenimento sempre terão seu lugar – por mais que os pessimistas de plantão digam o contrário, atrapalhando quem quer trabalhar seriamente.

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