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Criação de empregos desacelera, mas sinais são bons, diz Ipea

Por Fernanda Brigatti (Folhapress)

A análise dos dados de emprego no terceiro trimestre deste ano demonstram uma perda da intensidade na melhora nas taxas de ocupação, resultando em um ritmo menor de melhora. 

Os sinais de recuperação, segundo Carta de Conjuntura divulgada nesta quinta-feira (12) pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), estão mantidos, mas perderam a força em relação ao primeiro semestre de 2019.

Essa melhora mais moderada, segundo o Ipea, passa por resultados contidos na desocupação e no desemprego, mas também por um aumento de 1,7% na força de trabalho até outubro deste ano. Portanto, mais gente está tentando entrar ou voltar ao mercado de trabalho.

O resultado não chega a ser ruim, pois vem acompanhado de menos desalento -recuo de 1,6%, a segunda queda consecutiva- e redução na subocupação (de 7,9% em junho para 7,4% em outubro). 

O Ipea analisa os resultados de ocupação e de emprego formal, com base em informações do IBGE e do Ministério da Economia.

A ocupação, que inclui todo tipo de trabalho, seja ele informal, por conta própria ou com carteira assinada avançou 1,6% no trimestre terminado em outubro, abaixo na taxa média de expansão do primeiro semestre, que ficou em 2,3%. 

Na análise divulgada nesta quinta, o Ipea considerou importante observar o crescimento do peso das ocupações tipicamente associadas ao trabalho informal e, nesse segmento, das atividades por conta-própria. 

O instituto diz que "essa forma de inserção, junto com o segmento informal propriamente dito, funciona como uma espécie de colchão ao propiciar a absorção de trabalhadores", sejam eles desempregados ou pessoas ingressando na força de trabalho.

A novidade, diz o Ipea, na comparação entre os terceiros trimestres de 2018 e 2019, é que o crescimento dessas atividades continua, mesmo com o mercado formal em recuperação. 

Uma hipótese aceita pelos pesquisadores é a de a estrutura das relações de trabalho estejam passando por transformações, muito devido à consolidação do que chamam de "economia dos aplicativos".

"A importância desta constatação é que ela remete à discussão da adequação do aparato institucional atual a essas novas formas de inserção no mercado", afirma.

O avanço no emprego formal é discreto. A alta na comparação com o terceiro trimestre de 2018 é 0,51%. Enquanto a ocupação (emprego sem carteira) avançou em dez de 13 setores, os trabalhos com registro em carteira só melhoraram em cinco segmentos.

O Ipea afirma que apesar do resultado das vagas com registro estarem muito abaixo dos outros tipo de ocupação, "o sinal positivo para a taxa de crescimento do emprego formal não aparece em nenhum outro período."

O resultado da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar) Contínua, do IBGE,  divulgado no fim de novembro, já apontava novo recorde no número de trabalhadores sem carteira e por conta própria. 

Eram 11,9 milhões de trabalhadores sem carteira assinada e 24,4 milhões por conta própria. A taxa de informalidade, que inclui empregados domésticos sem carteira e empregados sem CNPJ ficou em 41,2%, estável em relação ao trimestre anterior.  São 38,8 milhões de trabalhadores nessas condições.

A Carta de Conjuntura traz também os dados desagregados da Pnad e mostram que somente a região Sudeste registrou queda na desocupação no terceiro trimestre, e o resultado foi puxado principalmente pela melhora do emprego em São Paulo, onde o desemprego recuou 1 ponto.  No Centro-Oeste, Goiás e Mato Grosso registraram alta na desocupação. 

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