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Doria unifica programas sociais e cria bolsa com repasses de até R$ 500 em SP

Artur Rodrigues (Folhapress)

O governo João Doria (PSDB) anunciou nesta quarta-feira (7) a criação de um novo programa social denominado Bolsa do Povo, com repasses de até R$ 500 por pessoa. O anúncio foi feito no Palácio dos Bandeirantes, na zona oeste de São Paulo, em entrevista coletiva sobre medidas contra a pandemia da Covid-19. Num momento em que o governo Jair Bolsonaro também passa a pagar um novo auxílio emergencial, o governador paulista lançou o Bolsa do Povo por meio da ampliação e unificação de vários outros projetos. O programa foi anunciado como o "maior da história" de São Paulo.

Após apoiar a eleição de Bolsonaro no segundo turno das eleições em 2018, com a dobradinha BolsoDoria, o tucano rompeu com o presidente ao longo do mandato, e os dois são apontados como rivais para a disputa ao Planalto em 2022. Segundo o governo tucano, os programas Ação Jovem (para estudantes de 15 a 24 anos) e Renda Cidadã (para pessoas de baixa renda) terão valor aumentado de R$ 80 para R$ 100.

Além disso, serão contratados 20 mil pais e mães de alunos de escolas estaduais para colaborar no retorno às aulas. O pagamento será de R$ 500 por quatro horas diárias.
Segundo o governo, o programa poderá beneficiar cerca de 500 mil pessoas direta ou indiretamente. O público alvo são beneficiários dos programas atuais, além de pais e mães de estudantes. O investimento no programa será de R$ 1 bilhão apenas em 2021, de acordo com a administração tucana.

Doria é um dos que disputam um espaço no centro com objetivo a viabilizar seu nome para a corrida à Presidência no ano que vem. No último dia 31, ele foi um dos seis signatários, em meio à crise militar no governo federal, do "Manifesto pela Consciência Democrática". O texto também foi assinado por Ciro Gomes (PDT), Eduardo Leite (PSDB), João Amoêdo (Novo), Luiz Henrique Mandetta (DEM) e Luciano Huck (sem partido). A coalizão é vista por pessoas ligadas ao grupo como embrião de uma possível união para a corrida presidencial.

Além de fazer a contraposição a Bolsonaro por meio da vacina Coronavac, com o novo programa Doria também marca posição em uma área que é bastante criticada por bolsonaristas -a do combate aos efeitos econômicos da pandemia. "Estamos acompanhando o crescimento acelerado da pobreza, da miséria, da vulnerabilidade em São Paulo e no Brasil. Um governo responsável segue dando atenção à saúde e à vida, mas também pelo alimento e proteção social", disse Doria.

Em sua fala, o tucano ainda criticou indiretamente o governo Bolsonaro. "Há os que se mobilizam pelo alimento no prato e a vacina no braço e os que se mobilizam para ter cloroquina em depósitos. Essa é a diferença entre os que acreditam na vida e na ciência e os que são contra a vida e contra a ciência", disse. Nesta quarta, em visita a Chapecó (SC), Bolsonaro voltou a criticar medidas de isolamento social em meio à Covid e a enfatizar a defesa de ações de recuperação da economia. "Desde o início [da pandemia] eu digo: temos um problema, o vírus e o desemprego. E as medidas ora anunciadas [...] não podem ter efeito colateral mais danoso que o próprio vírus", afirmou.

Em São Paulo, para viabilizar o programa, um projeto de lei será enviado por Doria à Assembleia Legislativa em regime de urgência. Segundo o governo tucano, serão reunidos os seguintes programas, em sete eixos diferentes: Bolsa Trabalho (emprego), Bolsa Renda Cidadã (assistência social), Bolsa Aluguel Social (habitação), Bolsa Talento Esportivo (incentivo), Bolsa Auxílio Via Rápida (qualificação profissional), Ação Jovem e contratação de mães e pais nas escolas (educação), além da contratação de agentes de apoio na saúde.
A gestão Doria diz que o Bolsa do Povo será gerido pela Secretaria de Governo. A administração ainda estuda a ampliação de outros valores e criação de novas ações.

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