Coluna Magnavita | Direto no Alvo: Castro é 100% Bolsonaro?

Direto no Alvo: Castro é 100% Bolsonaro?

Por Cláudio Magnavita*

O PL do Rio vive uma situação diferenciada do resto do país. Aqui, a chapa majoritária é toda do partido. O Governador Cláudio Castro é da legenda e concorre à reeleição e o senador Romário também tenta se reeleger. Nesta equação, se soma o Presidente da República, Jair Bolsonaro, que tem o seu domicílio eleitoral no estado, e também concorre à reeleição.

Neste cenário, o que ocorre com o Rio tem reflexo nacional. É por isso que o PL fluminense pisa em ovos. Não é admissível que o partido dê um mau exemplo, colocando a sua posição estadual de forma híbrida, uma espécie de Castro/Lula, que alguns embarcados no Governo estadual já advogam.

O PL do Rio tem a obrigação de ser 1000% Bolsonaro. Se o Governador quer atrair legendas infiéis ao Presidente, firma um precedente perigoso. Muito mais do que conquistar e manter um estado, o partido tem a obrigação de reeleger o seu Presidente da República. Esta é uma missão que está acima de qualquer interesse menor.

Como concordar que um governo do PL abrigue correligionários do maior inimigo da sua estrela nacional? Como concordar que o gestor estadual abrace pessoas que subam no palanque do inimigo número 1 de Bolsonaro? Fica criado o PL do B, ou melhor, o PL do Lula. Neste cenário nacional, temos a figura do senador Flávio Bolsonaro, como o zelador da fidelidade partidária. Quem não concordar com a eleição prioritária de Bolsonaro, que mude de partido.

É impossível que o único governador do Partido Liberal flerte com eleitores de Lula - ou até de Sérgio Moro.

É um cenário nefasto para a política nacional e transforma a infidelidade em algo normal e palatável.

O presidente Nacional do PL, Valdemar Costa Neto, tem que estar atento a estas alianças estaduais, que afetam a sucessão presidencial. O PL não pode ser uma barriga de aluguel para lulistas. Não há retorno regional que justifique uma traição nacional.

Cabe ao Governador Cláudio Castro abraçar a cartilha da legenda que acolheu. Se o Bolsonaro chegou depois, foi sorte ou azar, mas o projeto presidencial se sobrepõe a todos. Se estiver desconfortável, mude de legenda e deixe o PL. Se ficar, deve observar as regras de uma eleição presidencial e da fidelidade partidária. Estar com Lula e Bolsonaro ao mesmo tempo é suicídio político.

Esta coerência partidária será cobrada pelas urnas. O Governo do Rio tem ou não um Governador do Partido Liberal? Este Governador apoiará, incondicionalmente, o Presidente da República? Este Governo estadual alimenta, com a sua máquina, legendas que não estão com o Presidente? Na prática, estarão alimentando a militância lulista e deixando o Rio em um processo dúbio, que prejudica a legenda e a própria reeleição presidencial.

Cobrar coerência é fundamental neste processo, onde os interesses pessoais vêm em primeiro lugar, e deixam os da nação em segundo. O que está em jogo neste embate Lula x Bolsonaro é o futuro de um modelo que o PL abrigou, e que o Rio não pode ser prejudicado por uma dualidade oportunista. Cabe a Castro fazer uma faxina em nome do PL e do seu Presidente. Aceitar um jogo duplo é mortal para a legenda que ele escolheu.

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã