Coluna Magnavita: Prefeito Crivella desmancha bomba relógio na saúde

Decisão de aceitar demissão de Ana Beatriz Bush foi acertada

Coincidência assustadora

A armação desmontada pela operação policial que envolve a área de saúde no Estado do Rio possui ramificações maiores do que se imagina. É como um polvo, com tentáculos em várias esferas, inclusive na capital.

Algumas coincidências merecem investigações mais profundas, como a de um dos suspeitos presos na operação, Gustavo Borges da Silva, substituto eventual do Gabriell Neves na Secretaria de Saúde do Estado. Até setembro de 2017, ele era coordenador da subsecretaria de Gestão da Secretária Municipal de Saúde.

Ele ficou um ano na administração Crivella, sendo oriundo da gestão anterior e cuidava do Iabas, a organização social que geria várias unidades da cidade. A sua saída coincide com o fim do contrato da OS.

Ele vai para o Estado e na primeira oportunidade participa da negociação bilionária que contratou o Iabas para gerir o hospital de campanha.

Intuição divina

O próprio pedido de saída da secretária municipal Ana Beatriz Busch precisa ser explicado sob a luz de uma faxina que acabava com alguns feudos na pasta, e que veio à luz após a quarentena (de 40 dias) da secretária, a primeira a testar positivo de coronavírus.

Sem a sua presença, algumas coisas estranhas começaram a aflorar, muitas delas tendo como origem a gestão do vereador Carlos Eduardo, primeiro Secretário de Saúde do Crivella, que, ao retornar para a Câmara, nomeou o próprio irmão e depois a própria Bia Busch.

A falta de medicamentos em algumas unidades, o lançamento de despesas na rubrica geral e não especifica da saúde, que tem fonte federal, e a tentativa de obstruir as compras dos equipamentos direto dos fabricantes resultaram na demissão de Ivo Remuska.

Quem paga pelo ônus da ineficiência sentida na pele pelo próprio prefeito é o próprio Crivella e não a Bia ou o vereador Carlos Eduardo, que tiveram interesses contrariados com a exoneração sumária.

Uma verdadeira teia

A exoneração do responsável pelos problemas que afloraram, tem ramificações que chegam até o vereador Carlos Eduardo. A saída resultou, em plena pandemia, no pedido de afastamento de Bia Busch, como forma de coagir o prefeito e, em paralelo, surgiu um movimento de pressão na Câmara para a sua manutenção. O curioso é que o apoio surge exatamente de quem, em dezembro, criticava duramente a secretária.

Ao buscar eficiência, o prefeito desarrumou um castelo de cartas que estava armado na área de saúde e na contramão da pressa e eficácia que o clima de guerra precisa. A intuição do prefeito foi certeira e a faxina acabou com uma contaminação que poderia reeditar no plano municipal a mesma confusão que atinge o Estado.