Diretor da Unir deu 75.000,00 para campanha dois dias antes do 2º turno

Doação é três vezes superior ao teto permitido pela sua renda oriunda de organização social

A Comissão de Saúde e da Covid 19 da Alerj, que tem como presidente a deputada Martha Rocha e como relator o deputado Renan Ferreirinha, com as oitivas, está juntado as peças de um assustador quebra cabeça que envolve a corrupção da saúde no Rio.

Na segunda-feira, 20, o depoimento do diretor executivo da Unir Saúde, Marcos Velhote de Oliveira, revelou um dos elos que reforçam a ligação da organização social com o governador Wilson Witzel.

Velhote deixou claro que a sua função como executivo era meramente operacional e que todo o processo decisório e trato com o governo cabia ao diretor técnico da organização social, o médico Bruno Jose da Costa Kopke Ribeiro.

Era ele que determinava a operação total, contratações, fornecedores e o relacionamento institucional. Na prática, era o grande gestor da Unir Saúde, que teve as suas atividades suspensas por irregularidades apontadas pela equipe técnica da Secretaria de Saúde, e que foi reabilitada por uma decisão pessoal do Governador. Ato cancelado após a repercussão negativa na imprensa.

A reabilitação da organização social teria tido uma participação direta de outro personagem revelado pelo Correio da Manhã (notícia não desmentida até hoje), e que agora se entrelaça de forma concreta em uma equação que os une ao governador e ao diretor da Unir Bruno Jose da Costa Kopke Ribeiro.

Este caso da Unir é considerado o batom na cueca de Witzel, por ser, no qual, a sua assinatura aparece formalmente. O caso toma uma nova dimensão quando a Comissão da Alerj revela que Kopke Ribeiro está na lista dos maiores doadores individuais da campanha do candidato Witzel.

Dois dias antes do segundo turno, no dia 26 de outubro de 2018, o diretor da Unir realizou um aporte de R$ 75.000,00 na conta da campanha do Witzel. Como é proibido doação de empresa, os valores só poderiam sair por CPFs. O diretor da organização social só poderia doar até 10% dos seus rendimentos brutos.

Como em contrato e por imposição do Governo, as OSs não podem remunerar mais do que o salário de um Secretário de Estado, o Kapke, só receberia hipoteticamente da Unir um teto de R$ 250.000,00.

O valor doado dois dias antes do segundo turno equivale a três vezes a renda permitida do diretor. Outro fato que liga o diretor da Unir a um personagem que teria sido defensor da reabilitação da OS, e depois responsabilizado por isso em áspera conversa no Palácio, é de também figurar na relação de doadores do segundo turno.

Trata-se do advogado Antônio Vanderler de Lima, que no dia 18 de outubro de 2018 também aportou, dias antes do segundo turno, R$ 40.000,00. Todas as doações foram feitas quando as pesquisas já apontavam o favoritismo de Wilson Witzel.

No próximo dia 29, o advogado Vanderler será ouvido pela Alerj e o diretor da Unir também foi convocado, em data a ser definida. Os dois poderão esclarecer esta relação histórica com o então candidato, que eleito, assinou a reabilitação da Unir Saúde.