Coluna Magnavita: Cavalo de Troia

Apesar de ter tratativas com tubarões relacionados à investigação, o nome de Miller só se materializou agora, como anjo da guarda de um bagrinho citado na delação de Edmar Santos: o indigenista Ramon Neves, subsecretário de Desenvolvimento Econômico.

Ramon, que surpreendeu os seus amigos com uma perigosa entrevista à revista Época, na qual revela que avisou pessoalmente o governador os feitos de má qualidade na saúde, e resultou na demissão sumária do denunciante, usou Miller para fugir de uma oitiva da Alerj na quinta, dia 20 de agosto.

O primeiro nome que surge como advogado de Ramon no documento que informa a existência de uma jurisprudência para o seu não comparecimento é exatamente o de Marcello Paranhos de Oliveira Miller - OAB/RJ 212.142, ao lado do Ricardo Horácio Campos dos Santos - OAB/RJ 121.325 (o único que assina a petição) e de Marcela Prata Pereira Alves - OAB/RJ 179.765.

Como Ramon foi citado na delação, seus advogados protocolaram petição no STJ para ter acesso a íntegra do documento. Este, aliás, segundo uma velha raposa da advocacia carioca, seria o verdadeiro interesse do Miller com o seu cliente bagrinho.

Para um advogado e profundo conhecedor dos bastidores da PGR, e da forma de agir, este acesso privilegiado a deleção passaria a valer muito, porque clientes pagariam “os seus honorários com o seu peso em ouro”.

Aliás, a íntegra da deleção é o objeto de consumo de 12 em cada 10 escritórios de grande porte do Rio e de Brasília.  Nas mãos de um especialista em PGR, estas informações apontariam os melhores caminhos para a defesa.