Coluna Magnavita: A política do Rio está descendo a níveis rasteiros

Por Cláudio Magnavita*

Alguns homens públicos conseguem construir ao longo da carreira no parlamento ou no executivo laços extraordinários com pessoas que conquistam a sua confiança e funcionam como verdadeiros anjos da guarda. Quem conheceu o prefeito Marcelo Crivella como senador, conviveu nestes 14 anos em Brasília com uma figura doce, cordial, eficiente e protetora. Um daqueles seres humanos raros. A relação com os Crivellas chega a ser quase familiar. Viu os filhos do então senador crescerem, manteve a sua estrutura de apoio parlamentar presente, em horas intermináveis de sessão e na sua passagem como Ministro de Estado.

Quem não conhece a dona Margarett ou melhor, Margarett Rose Nunes Leite Cabral, a hoje chefe de gabinete do Prefeito? As pessoas não sabem, mas ela fez um enorme sacrifício até familiar para trocar Brasília pelo Rio. Fez por devoção ao chefe. Muitos se surpreendem ao descobrir que ela é uma católica fervorosa. Só esta convivência ecumênica traduz muito sobre ela e sobre o seu chefe.

Para as pessoas justas e que compreendem a existência de um fator humano na política, é doloroso ver até que ponto a insanidade midiática abre mão de valores de dignidade e respeito ao próximo.

A tentativa de envolver a dona Margarett neste último conflito Globo x Crivella é lastimável. Inclui-la em uma lista de depoentes e expor sua foto em telejornais ou nos impressos do mesmo grupo editorial chega a ser sórdido.

Nos gabinetes, no serviço público, no parlamento, seja nas assembleias estaduais, câmaras de vereadores, senado ou nas diferentes esferas do Executivo existem pessoas boas, dedicadas e competentes. Não podemos agir como o Paulo Guedes que, de certa forma, demonizou o funcionalismo público. Existem pessoas e inúmeras que estão prontas a servir ao Estado e não se servir do Estado.

Nas estruturas de gabinetes, conheci pessoas maravilhosas. Existe o caso de duas irmãs em Brasília que trabalharam com diversos ministros de Educação e que foram para o Turismo. São tão eficientes que são convidadas a ficar por vários ministros, de diferentes cores partidárias que passaram pela pasta. São anjos da guarda. A minha própria experiencia pessoal em funções públicas e das pessoas que diretamente me assessoraram ajudou a criar vínculos para toda uma vida. Um secretário de Estado, um ministro, um prefeito, um parlamentar não é nada sem este suporte.

Voltando ao Crivella, ele teve a sorte de ter este anjo da guarda católico em Brasilia e depois no Rio. A violência dos ataques e da forma que esta batalha midiática está ocorrendo, com a repetições de capítulos em todos os telejornais não respeita mais a logica do telespectador. No caso do WhatsApp fizeram uma salada de frutas e pegaram diferentes conteúdos em grupos diferentes e adotaram a fusão em um. A própria Globo atesta que d. Margarett apenas foi incluída nestas salas onde nunca deu um pio.

Depois de fracassar na estratégia de coagir os vereadores a aprovarem um pedido de impeachment, resolvem partir para o plano pessoal.

Deveríamos agradecer a existência de corajosas Margaretts que aceitam deixar a sua casa em Brasília e vir trabalhar pela nossa cidade. Deveríamos respeitar pessoas humanas que possuem o seu perfil e aceitam ingressar no serviço público. Ela é uma espécie de tia, ou irmã mais velha, que todos gostariam de ter. Assistir e ficar calado, permitindo uma crucificação pública de uma pessoa tão especial, é compactuar com a injustiça. Só nos resta a pedir perdão a ela, pela política do Rio ter descido a níveis tão rasteiros.

*Claudio Magnavita é diretor de redação do  Correio da Manhã