A necessidade emergencial de um pacto para salvar o Rio

Por Cláudio Magnavita*

O estado do Rio estava à beira do precipício, aliás, ainda está. A não renovação da recuperação fiscal significaria o colapso financeiro de todo o ente estadual.

Imaginem o caos dos policiais civis e militares sem receber. É só olhar para a história recente do vizinho Espírito Santo. Imaginem em plena pandemia um colapso na área da saúde, com enfermeiros e médicos sem receber?

O efeito cascata do colapso financeiro é tão dantesco, que atingiria todos os poderes: judiciário, legislativo e até o ministério público. Ninguém ficaria de fora.

Os atrasos salariais e fornecedores seriam capazes de fazer o Rio de Janeiro mergulhar em uma viagem sem volta.

Os primeiros dias da administração do Governador em Exercício Cláudio Castro, tem sido o da reconstrução de pontes. Aquelas implodidas pelo sonho presidencial do ocupante da cadeira de Governador, afastado pelo pleno do STJ.

Em menos de duas semanas Castro trouxe conquistas impensáveis no cenário anterior: diálogo com a área econômica, prorrogação temporária da recuperação fiscal, conversa com Presidente Bolsonaro (já fez duas viagens no avião presidencial), reatou os laços com o legado da intervenção federal na segurança e o início de reconquista da confiança dos setores produtivos.

Não podemos permitir a existência de uma tese de vácuo institucional, nem no campo da hipótese. Precisamos da serenidade do Tribunal de Justiça, na pessoa do seu presidente Cláudio de Mello Tavares da Assembleia Legislativa com o deputado André Ceciliano , do Governo Estadual com o governador em Exercício Cláudio Castro e do Ministério Público com o Procurador Geral de Justiça Eduardo Gussem. São dirigentes que compreendem a realidade assustadora na qual o Rio se encontra.

Porém a sucessão de operações do Ministério Público Estadual, com aval do Judiciário e o braço forte da Polícia Civil, está construindo cenário que esgarça todo ou o pouco do tecido institucional que sobrou no estado.

O risco é de perdemos a capacidade de separar o joio do trigo e jogarmos tudo em uma vala comum no qual “todos” do Rio, serão considerados “radioativos” e contaminados pelas mazelas que afundaram o nosso estado é eminente.

Está nas mãos desses nossos líderes, em seus diferentes poderes, a criação de um pacto que traga, sem abrir mão da impunidade, a tranquilidade que tanto necessitamos.

A destruição de imagem é coletiva. Estamos vivendo uma inesgotável imolação pública, contaminada pela perigosa aproximação de um processo eleitoral.

O efeito cascata de operações, nas quais se inclui também a justiça federal em uma cruzada agora contra a advocacia, transformam o Rio em um cenário de terra arrasada.

A impunidade não deve existir. Cadeia para quem roubou. O que não devemos é ajudar a passar uma sensação de banalização deste movimento, no qual antes mesmo de se investigar já se promove uma condenação midiática.

Se não houver um freio de arrumação, todos nos fluminenses seremos culpados previamente, até que se prove a nossa inocência.

É por isso que o pacto em defesa da governabilidade do Rio é necessário e temos os atores certos para que ele salve o Rio de Janeiro.

* Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã