Coluna Magnavita: O factoide palaciano do relator

Se existe um veículo da imprensa brasileira que é reconhecido pela sua independência em relação ao governador afastado do Rio, Wilson Witzel, é o Correio da Manhã. Foi o primeiro jornal a publicar reportagens sobre os problemas da administração e os negócios do Pastor Everaldo.

O Correio da Manhã não pode aplaudir o que ocorreu nesta quinta, 5 de novembro. A decisão de incluir uma perigosa novidade no voto do relator, o despejo do Palácio Laranjeiras, de forma intempestiva, foi lamentável. Um outro tropeço é a questão da redução salarial do afastado. No TCE todos recebem. Os quatro membros do tribunal contrários à inclusão da ordem de despejo da família do Governador foram precisos nos argumentos. Foi uma medida intempestiva, que dividiu gratuitamente a corte sem conhecimento da defesa, que reagiu com argumentos válidos.

O erro de origem é o fato de ainda existir um palácio para o governador de um estado falido viver nababescamente. Na própria Alerj existe projeto que acaba com a mordomia. Goste ou não goste de Witzel, ele ainda é o governador do estado, legitimamente eleito. Ter uma residência oficial faz parte da liturgia do cargo. WW prometeu na campanha que continuaria morando no Grajaú. Foi factoide. Ele surpreendeu o governador Pezão indo visitar, ainda como juiz, o Laranjeiras, levando a família e a sogra para conhecer onde iriam morar. Era um objeto de desejo.

Existe a decisão referendada pelo colegiado do STJ, que garante a sua permanência no imóvel oficial, que foi agora ignorada.

O deputado Waldeck Carneiro errou ao incluir um factoide midiático no seu voto, até então, impecável. Não agiu como magistrado, mas como um parlamentar jogando para o seu eleitorado. A ironia é que Carneiro é do PT, partido que defendeu a permanência de Dilma Rousseff no Palácio da Alvorada até a sua cassação final. Um processo histórico como este não pode se apequenar com gestos tão mesquinhos que abrem um enorme flanco para a defesa contrapor de forma legítima.