Coluna Magnavita: A F1 no Rio virou jogo de pôquer

Por Claudio Magnavita*

O momento de glória do empresário JR Pereira, ou melhor, José Antônio Soares Pereira Júnior, à frente do projeto de trazer a Fórmula 1 para o Rio e construir um super complexo em Deodoro, começa a virar pesadelo, com o anúncio da renovação do contrato da corrida por mais cinco anos em São Paulo.

Aproveitando um momento delicado entre os organizadores da corrida com a Prefeitura de São Paulo, que inclui um passivo financeiro e um contrato para mais cinco anos, JR identificou uma oportunidade e resolveu ligar as pontas, envolvendo nessa história o Governo Federal, o Governo do Estado e a Prefeitura do Rio.

O maior ativo e capital foi uma carta de crédito concedida pelo governador Wilson Witzel que permitia dedução de 100% do ICMS de quase R$ 100 milhões. Esta renúncia fiscal emitida pelo secretário de Esportes, Felipe Bornier, esgotou toda a possibilidade de utilização da lei de incentivo aos esportes em outras categorias.

Era uma bicicleta que começava a ser pedalada e não poderia parar. Surfando no possível aval presidencial, ele começou a construir o projeto e vazou água em coisas simples. Recusou a contratação de uma empresa de licenciamento ambiental e contratou um estudo orçado em R$ 1 milhão por apenas R$ 400 mil, abduzindo o ex-técnico da empresa. E até hoje só pagou R$ 20 mil.

Lutou para o Rio liberar licenças sem os estudos complementares e colocou em saia justa o novo secretário de Meio Ambiente, Thiago Pampolha, utilizando o nome de senador e da própria presidência da República. Criou atrito com dirigentes de emissoras concorrentes da Globo. E o projeto, sem solidez, vazou água. Tentou fritar o porco com a sua própria banha.

Agora passou para a ofensiva. Fala que Interlagos não tem licença ambiental e que o anúncio de São Paulo é apenas uma carta de intenções, já que Bruno Covas, em campanha, é proibido de contratar. Hoje, os possíveis “apoiadores” políticos já não atendem suas chamadas e cresce a lista de reclamações. Foi uma jogada que morreu na largada.

*Cláudio Magnavita, diretor de Redação do Correio da Manhã