Coluna Magnavita: Clã dos Maia: depois da tia Ana Maria, Daniela na Riotur

Por Claudio Magnavita*

É difícil compreender a lógica do clã dos Maia. A principal agenda da família deveria ser a reeleição do Deputado Rodrigo Maia para à Presidência da Câmara dos Deputados, o terceiro cargo na linha sucessória da Presidência da República. Pela relevância, deveriam evitar qualquer ruído que atrapalhasse a imagem e a existência de uma agenda mesquinha para não apequenar este movimento de reeleição.

É incompreensível que surja agora a indicação da irmã gêmea do deputado Rodrigo para presidir a Riotur (empresa de turismo da cidade do Rio) e a gestão da Cidade das Artes. O turismo é o setor que mais sofre com a pandemia e está literalmente no chão, ameaçado pela segunda onda. O Carnaval e o Réveillon, duas agendas prioritárias da Riotur, estão ameaçados. A decisão de colocar uma neófita para cuidar de um setor econômico que está na UTI, em estado quase terminal, é uma temeridade. É uma tarefa para especialistas, já que não há tempo para aprender.

Se ela quer um “brinquedo” para ocupar o seu tempo, que fique só com a gestão da Cidade das Artes, obra maior do seu pai, o ex-prefeito César Maia, que, por ironia e maldade política, foi congelada pelo próprio Eduardo Paes por alguns anos. Ter um Maia à frente do maior centro cultural do Rio é até legitimo e uma compensação histórica. A Daniela pode até se sair bem neste caso. Incluir neste pacote a Riotur, só porque a mesma está sediada na antiga Cidade da Música Roberto Marinho, é uma sandice.

O pior desta história é assistirmos a esta possível nomeação tomar corpo, em uma quase coação dos Maia ao novo alcaide. Paes tem condições de dizer não a este factoide? Ao engolir, goela abaixo o capricho familiar, o novo prefeito desagrada todo o setor produtivo do turismo, agora estarrecido e ainda marcado pela nefasta lembrança da gestão de Ana Maria Maia na Riotur, na gestão do seu irmão, o então prefeito César Maia. Para os inimigos de Rodrigo, em Brasília, um prato cheio.

*Claudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã