Coluna Magnavita: Ressuscitou dos mortos

Por Claudio Magnavita*

Ao analisar a campanha de Marcelo Crivella e Eduardo Paes, um fator nunca é levado em conta: o gasto de cada candidato com a campanha.
Crivella gastou três vezes menos do que o adversário. Foram R$ 3 milhões e Paes, R$ 10 milhões. Na prática o “custo por voto” do bispo foi três vezes menor. Ele teve R$ 930 mil votos. Na sua eleição em 2016, o Republicanos colocou R$ 8 milhões.

No início do ano o Prefeito era um pangaré eleitoral. Sairia já no primeiro turno. No processo de impeachment, só treze vereadores estavam ao seu lado. Estava politicamente morto. A sua rejeição era a maior do país, superava 70%.

Qual fenômeno levou Crivella a sair do pleito maior do que era projetado no final de 2019 e ter chegado ao segundo turno? A chegada de Rodrigo Bethlem foi uma peça fundamental. Primeiro, saneou a falta de base e livrou o prefeito do impeachment.

Focou na opção conversadora e foi buscar uma ponte com Bolsonaro, materializada com a posse de Gutemberg Fonseca na Seop.

Crivella não teve um início fácil. Sofreu a obstrução da posse de Marcelinho na Casa Civil, lutou para barrar a Universal da máquina municipal, montou uma equipe muito fraca de neófitos na gestão pública e terceirizou a gestão, sem bons frutos, para Paulo Messina, que acabou o apunhalando. Nesta lista inclui-se a oposição de Witzel, que no seu auge, em setembro de 2019, resolveu ser prefeito do Rio e fazer um choque urbano com o Segurança Presente.

Para quem estava politicamente morto há alguns meses, Crivella sai bem vivo. Na campanha, jogou para o futuro e poderá ser chamado de profeta. Ao colocar um estrategista que conviveu nos bastidores de Paes e acertar nas compras de insumos da saúde, chegou ao segundo turno de braços dados com Bolsonaro, já de olho em 2022 e na formação da frente conservadora no Rio.

*Claudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã