Coluna Magnavita: Como um grande evento fica pequenininho

Por Cláudio Magnavita*

O evento do Copacabana Palace idealizado pela Scala Eventos e a Associação de Supermercados (Asserj), além da lotação, foi um festival de erros. O que compensou foi a emoção de Fabinho Queiroz como apresentador. Ele lavou a alma depois do sucesso do setor de supermercados durante a pandemia. Enfim, todos foram benevolentes.


Para efeito didático foi feita uma listinha de erros da noite:

1. Uma cerimônia com 17 oradores, 18 com o apresentador, que durou 2 horas. Quase nada do que foi dito será lembrado.

2. O jantar foi servido depois das 23h30 – frio. O horário previsto era 22h. (Com o atraso, não há estufa que resista). Quase virou ceia natalina.

3. Muita gente não aguentou e saiu antes. Metade das mesas ficou vazia na hora do jantar. Muitos saíram com fome.

4. Segregar as autoridades em uma sala VIP e não deixar que circulassem entre os convidados (todos super-selecionados) tirou a chance da convivência prometida, principalmente dos dirigentes de supermercados.

5. Ao ocupar 1/3 do Golden Room com mesas (da 19 a 30), a parte para auditório ficou reduzida. O ar-condicionado estava fraco e muita gente suou muito, principalmente quem estava no palco.

6. O objetivo da retomada do varejo se perdeu pelo tamanho da solenidade e informalidade, que afetou a liturgia dos cargos. O diminutivo no tratamento, que causou estranheza, acabou sendo perdoado e deu o tom da descontração: Claudinho, Fabinho, Flavinho... Ninguém, porém, se atreveu a chamar o presidente da Alerj, André Ceciliano, de Andrezinho. Aí seria demais.

7. Os cuidados com os protocolos de segurança deixaram a equipe do Copa de cabelo em pé. Principalmente com as mesas do Golden Room, ocupadas pela plateia e não pelos comensais para as quais estavam destinadas. Talheres, pratos, copos foram manipulados por terceiros, o que contraria os protocolos de segurança. O erro foi do cerimonial e não do hotel, por permitir a invasão.

8. A plateia do Golden ficou inacreditavelmente próxima, sem falar das 17 autoridades no palco, sem o distanciamento que tem sido usado por segurança em programas de TV, debates e solenidades. A sorte é que boa parte já havia testado positivo para a Covid. A lista do palco era muito maior do que a lista da brochura e ainda teve cadeiras de extras no palco.

9. Deselegante foi um dos organizadores em pleno salão do coquetel de boas vindas abduzindo alguns convidados para a tal sala VIP na vista de outros e no meio de conversas. Quem sobrava não entendia nada.

10. Um objetivo maior foi atingido: as verbas de publicidade destinadas a outros eventos e transferidas para este foram honradas, especialmente do patrocinador mor da cidade, a Fecomércio. Aliás, Antônio Queiroz merecia mais do que 2’30” para discursar, pelo valor que aportou.

 

Como já dito, foi uma festa certa na hora errada, com um número excessivo de discursos e uma plateia enorme. Cansativo para uma segunda. O Belmond Copacabana Palace não pode ser responsabilizado pelos atropelamentos. Ele tentou seguir os protocolos de segurança.
Há algum tempo, a Asserj fez uma festa na Ilha Fiscal que foi um fiasco. A associação prometeu corrigir e agora, com o apoio da Scala Eventos, comete erros ainda maiores.
As TVs reclamam das baladas em plena pandemia. Quem foi, saiu assustado e torcendo para que não ocorram as mesmas sequelas da posse do Fux, ou daquele evento inicial do Rio de Janeiro Country Clube. É um caso para ser lembrado do que não se deve fazer em uma pandemia, expondo os convidados e o próprio hotel a um festival de erros de organização.

*Claudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã