Por Claudio Magnavita*
A condução do Tribunal Especial do TJ, que julga o governador afastado Wilson Witzel está fazendo história. O presidente Cláudio de Mello Tavares está tendo uma visível preocupação de permitir a ampla defesa do acusado.
Na sessão de quinta-feira, 17, aprovou a reconvocação das testemunhas que não foram citadas e adiou para o dia 28 a sessão na qual o governador será interrogado pelos julgadores. Além de assistirmos a um governador sentado no banco dos réus, temos um ex-juiz em posição invertida em uma corte, o que já causa um histórico constrangimento.
Como ex-magistrado, Witzel conhece o passo a passo do ritos de uma oitiva e não deverá usar o tempo para uma atuação política, como fez na Alerj. O dia 28 será a data mais importante da vida do governador – e decisivo para o seu futuro político.
As testemunhas arroladas pela defesa tiveram efeito contrário ao desejado. Ramon Neves foi de uma transparência absoluta. Ficou claro que foi usado como um termômetro para medir a esquerda. A plateia se entreolhou quando ele confirmou que avisara ao governador dos problemas que ocorriam na saúde. O mesmo ocorreu com Hormindo Bicudo. Um elo comum nos depoimentos das testemunhas foi a demonização do pastor Everaldo Pereira. Ao defender o seu paciente, a defesa do governador crucificou Everaldo, o que deve empurrá-lo, como única chance de sobrevivência, para uma delação premiada.
Alguns dos deputados julgadores, no longo dia de oitivas, abandonaram algumas vezes a parte técnica para arguições irrelevantes de cunho político. O foco deve ser a soberania dos fatos: Witzel reabilitou a Unir, contrariando pareceres técnicos. A decisão foi monocrática e contaminada por beneficiar financiadores de campanha. Ao assinar a reabilitação da organização social, assinou a sua sentença de morte política. Este é o fato que importa. O universo podre que construiu em sua volta desmoronou com aquele ato de soberba.
*Claudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã
