Coluna Magnavita: Limbo jurídico de Crivella abre precedente perigoso

Em prisão domiciliar há 20 dias, o ex-prefeito Marcelo Crivella foi jogado em um perigoso limbo jurídico. Todos os motivos listados para a sua prisão temporária deixaram de existir. Ele não é mais prefeito e não pode mais interferir nas provas ou prejudicar as investigações.

O ônus político já ocorreu: não passou o cargo para o sucessor, os últimos dias do mandato foram entregues ao mesmo partido do prefeito eleito, a prisão fez naufragar a hipótese de virar ministro ou embaixador na África do Sul. A prisão foi um xeque-mate na sua vida política.

Manter Crivella preso, incomunicável, é um paradoxo. Ele não é nem réu em processo e não tem mais mandato. Enquanto fica no limbo, a mesma justiça permite que Gabriell Neves, um dos sanguessugas da saúde, vá à praia de tornozeleira, que Edmar Santos fique em casa. E a lista segue.

Ao consentirem que o ex-prefeito fique neste limbo jurídico as instituições abrem um perigoso precedente. Quem será o próximo?

A esdrúxula situação de Marcelo Crivella pode também ser atribuída a uma tímida equipe de defesa e à incapacidade de uma reação indignada da sua estrutura partidária e dos meios de comunicação aos quais está ligado. Neste caso vale a velha máxima: quem cala, consente.