Coluna Magnavita: Turismo sofre com problemas em duas importantes entidades

Coluna Magnavita: Turismo sofre com problemas em duas importantes entidades

Por Cláudio Magnavita*

Em um momento no qual todo o setor do turismo e da hotelaria deveriam estar unidos, assistimos ao desmoronamento de duas entidades fundamentais para a retomada turística da cidade. A primeira delas é uma fundação privada, o Rio Convention Bureau, criado há 37 anos para a promoção do turismo carioca, mantido, em boa parte, pelo Room Tax, uma contribuição voluntária adicionada à diária dos hotéis e repassada ao Convention. É um modelo internacional que funciona muito bem, inclusive em São Paulo, onde uma fundação coirmã é hoje peça fundamental para a retomada do turismo paulistano na pandemia.  

Como fundação, o Rio Convention é tutelado pelo Ministério Público Estadual, com uma procuradoria específica que fiscaliza seus atos, curadores e diretoria executiva. Em janeiro, uma análise contábil do MP apontou o risco que corre  a fundação, pois  metade de sua receita vem da hotelaria, que atravessa uma longa crise. O paradoxo é que a atual diretora-executiva, cujo mandato acaba em julho, Sonia Chami, resolveu virar curadora. Ela pediu  a impugnação de duas votações que a sua categoria realizou em uma reunião virtual do conselho curador, totalmente conduzida por sua equipe executiva e censurando conselheiros. A situação foi tão constrangedora que os dois representantes da hotelaria renunciaram na hora. O assunto da Fundação será levado ao MP e será judicializado.

Agora, a mesma senhora tenta retornar à presidência do Conselho de Turismo da centenária Associação Comercial do Rio, a Casa de Mauá. O ex-marido de Chami, Humberto Mota, colocou esse pleito para a nova diretoria como uma questão de honra. Sua ex-mulher presidiu o Conselho há dois anos, tendo sido afastada exatamente por levar a instituição minguar. Hoje, o  Convention é uma entidade sem sede, com funcionários trabalhando em home há quase um ano e sem o apoio da hotelaria pode entrar em colapso, como mostra o relatório do Ministério Público.

O paradoxo é que se repete na ACRJ o mesmo conflito do Convention. Chami quer presidir o Conselho Curador da Fundação e também o da Associação Comercial. No Rio Convention, ela deve explicações ao Ministério Público. Quando assumiu tinha R$ 3 milhões em caixa e hoje tem R$ 1 milhão, o suficiente para indenizar os funcionários. Com a entidade enfrentando problemas e discórdias, difícil  será achar um nome que queira colocar o seu CPF como presidente executivo da fundação. O presidente do Conselho Curador, até junho, é  Cláudio Del Bianco.      

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã