Coluna Magnavita: A cloroquina só não protege da antropofagia política da CPI

Coluna Magnavita: A cloroquina só não protege da antropofagia política da CPI

Por Cláudio Magnavita*

Quem enfrentou a Covid e saiu vitorioso (por enquanto) fica apavorado com o clima de demonização instalada na CPI da Pandemia. O clima inquisitório e a irracionalidade de alguns pronunciamentos só encontram paralelo em noticiários a serviço da oposição ao Governo Federal.

Importamos o mesmo fanatismo de oposição do Estados Unidos para combater o fanatismo do Donald Trump. Entre ele o presidente Bolsonaro existe uma pandemia. Uma hecatombe de dimensões planetárias e que estamos vivendo há mais de um ano. Vivemos vários ciclos com a chegada do novo coronavírus. A nossa capacidade de adaptação já deixou velho o que chamávamos em 2020 de “novo normal”.

Tudo mudou e até a vacina, a exemplo das variantes do vírus, também tem múltiplas facetas. Uma coisa não muda neste cenário. A pequenez de uma classe política oportunista, que utiliza qualquer ferramenta, inclusive a pandemia, para atingir os seus objetivos mais escusos.

As declarações sobre hidroxicloroquina demonstram exatamente a falta de vergonha desses políticos que querem a cabeça de um presidente democraticamente eleito.

Os Estados Unidos expurgaram Trump das urnas. Já nós, tupiniquins, tamoios e tupinambás, passamos a idolatrar a antropofagia política. Passamos a degustar os mandatos presidenciais, destruindo a democracia e a soberania das urnas pouco a pouco, como fizemos com Collor, Dilma e agora querem esquartejar Bolsonaro e servir o seu mandato em picadinho. Inventamos até o pré-impeachment judicial, como fizeram com Lula, em 2018. Uma pajelança que uniu juízes tendenciosos e mídia também tendenciosa, abatendo o direito de disputar a presidência. Todos estão impunes e esta antropofagia política só não conseguiu devorar a capacidade de resistência de Luiz Inácio.

A CPI da Cloroquina revolta quem recebeu o teste reagente da Covid. Foi o meu caso, espirrei no dia 1 de abril e testei reagente no 2, e segui o protocolo universal dos primeiros dias: Azitromicina, Ivermectina – trocado depois por Anitta – e o Plaquinol, ou seja hidroxicloroquina. Antes que me crucifiquem, como jornalista fiz entrevistas e ouvi especialistas. Assinei matérias e uma forte corrente defende o seu uso nos primeiros dias. Meu médico usou nele, nos pais e prescreve para seus pacientes. Não tive dúvidas.

Com minha vida em jogo, não quis pecar por omissão. Fui um paciente obediente e confiei na ciência. Com dois agravantes, idade e sobrepeso, sobrevivi, não fui internado, nem entubado, e a subida do Dímero D, controlei com Xarelton.

Em março de 2020, usei máscaras quando todos diziam que era só para contaminados. Hoje é obrigatória. As normas mudaram muito. Os estudos da cloroquina em Manaus foram feitos com pacientes graves e altas doses. Não funcionou. Já milhares de pacientes que tomaram no início estão aí para contar a sua história. E eu, aqui, para escrever a coluna e este texto.

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã