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Coluna Magnavita: O que a CPI do Senado tentou esconder - (Parte II): Carlos Gabas terá seu sigilo quebrado

O que a CPI do Senado tentou esconder - (Parte II): Carlos Gabas terá seu sigilo quebrado  

Presente de Natal para a CPI do Senado

Por Cláudio Magnavita

A pergunta que circulou nesta segunda, depois da manchete do Correio da Manhã sobre o golpe que os nove governadores do Nordeste sofreram na compra de respiradores fantasmas, causando um prejuízo de R$ 48 milhões, foi: Como eles conseguiram abafar este escândalo?

A caixa preta foi aberta com a instalação, em Natal, de uma CPI da Covid pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. Como explicar que uma empresa, criada há oito meses, funcionando em um apartamento residencial, conseguiu que a segunda nota emitida na sua vida, no valor de R$ 48 milhões, ou seja, a nota 0002, fosse paga pelo consórcio de governadores da região Nordeste, todos fazendo oposição a Bolsonaro?

Atenção: este dinheiro sumiu! Só a menor parte dele foi bloqueado pela justiça. O resto, evaporou.

Quebra de sigilo de Carlos Gabas

Nesta quarta, 13, o deputado estadual Kelps Lima, presidente da CPI, determinará a quebra do sigilo telemático, fiscal e bancário do ex-ministro do PT, Carlos Gabas, responsável direto pelo Consórcio Nordeste. Só uma CPI teria poderes para isso. Enquanto a do Senado é utilizada para atingir o presidente Jair Bolsonaro, e não considerou relevante investigar a compra dos respiradores fantasmas feita de forma conjunta pelos governadores nordestinos, entre eles o filho do relator, o senador Renan Calheiros, de Alagoas, o parlamentar potiguar está abrindo a caixa de pandora.

Gabas é ligado a Edinho Silva, também ex-ministro do PT, e envolvido neste negócio mal explicado, que está hoje no STJ. Há sinais que seja o maior escândalo do PT na era pós Lula/Dilma, e envolve todos os governadores do partido.

A presença de Carlos Gabas na CPI foi constrangedora. Ele foi informado que a Bahia havia enviado todo o inquérito policial e o processo na justiça, e optou por ficar calado. Não respondeu nenhuma das perguntas, já que é investigado no processo do STJ.

Documentos compartilhados

Ainda nesta semana, o presidente da CPI do RN, o deputado Kelps Lima, estará remetendo todos os documentos apurados para a CPI do Senado, que aprovou o requerimento do senador cearense Eduardo Girão, para recebê-los. Caso os senadores encerrem a CPI sem se debruçarem sobre a ampla documentação, inclusive delações que apontam corrupção, estarão destruindo toda a credibilidade realizada. Nenhum outro caso tem evidencias de corrupção consumada e de prejuízo ao erário público.

Não se trata apenas de desvio de recursos e superfaturamento. A pergunta correta é: Quantas vítimas da Covid morreram pela falta dos respiradores fantasmas? O dinheiro sumiu e os respiradores nunca chegaram, nem no pior momento da crise.

Se este dolo fosse cometido pelo Ministério da Saúde ou por um governador ligado ao Planalto, os senadores Omar Aziz, Randolfe Rodrigues e Renan Calheiros seriam implacáveis.

O silêncio de dois senadores nordestinos sobre o caso é inexplicável: Alessandro Vieira (Cidadania), eleito por Sergipe, e Otto Alencar (PSD), da Bahia. Como esta semana eles receberão os documentos enviados pela Assembleia estadual, deverão se pronunciar.

Gabas é insustentável

Insustentável é a permanência de Carlos Gabas como secretário-executivo do Consórcio Nordeste. Além de ter as suas digitais nesta operação que causou prejuízo aos nove estados, expôs os governadores Renan Calheiros Filho (Alagoas), Rui Costa (Bahia), Camilo Santana (Ceará), Flávio Dino (Maranhão), João Azevedo Lins Filho (Paraíba), Paulo Câmara (Pernambuco), Wellington Dias (Piauí), Fatima Bezerra (Rio Grande do Norte) e Belivaldo Chagas Silva (Sergipe), que subscreveram o Contrato de Rateio 01/2020 para a compra dos respiradores fantasmas. Gabas, ao optar pelo silêncio no seu depoimento, deixou clara a sua delicada posição neste caso. A quebra do seu sigilo telemático, fiscal e bancário, transforma o ex-ministro do PT em um homem bomba, às vésperas de um processo eleitoral nos estados e no governo federal.
(Amanhã publicaremos a parte III)

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