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Coluna Ruy Castro: Risco de desaprender

A lista do treinador Tite para a seleção que vai disputar as primeiras rodadas das eliminatórias para a Copa de 2022 sairá nesta sexta-feira. Para os comentaristas, vários jogadores do Flamengo, pelo futebol acachapante que estão jogando, merecem ser convocados. Os comedidos falam em Gabigol, Bruno Henrique, Gérson, Everton Ribeiro e Rodrigo Caio. Outros citam os laterais Rafinha e Filipe Luís e o goleiro Diego Alves. E os radicais sugerem que se chame o time inteiro do Flamengo, com Neymar no lugar do uruguaio Arrascaeta.

Nós, torcedores do Flamengo, escutamos tudo isso com alarme. Por nós, nenhum deles seria convocado. O Flamengo já tem uma agenda monstruosa este ano, com o Campeonato Carioca, a Copa do Brasil, o Brasileirão, a Libertadores da América e, quem sabe, o Mundial, para que nossos jogadores tenham de correr também por uma camisa que cada vez menos nos representa.

E não se trata de falta de patriotismo. Foi a CBF que, nos últimos 20 anos, dedicou-se a esvaziar, desidratar e extirpar da seleção brasileira o amor que o povo lhe dedicava. E fez isso com sucesso, ao envolver a seleção em seus negócios suspeitos, de amistosos inúteis contra adversários idem em países ibidem, convocações encomendadas, dirigentes dublês de empresários e, claro, pelos fiascos, um deles sete-a-único, em jogos decisivos. Que moral tem a CBF para desfalcar e desfigurar o Flamengo, ou qualquer clube, em meio a uma temporada estafante?

E nosso medo não fica por aí. Tememos que nossos craques, habituados aos ensinamentos diretos e vitoriosos de Jorge Jesus, sejam expostos à presunção, arrogância e afetação de Tite e a ouvir asneiras em titês como “treinabilidade”, “extremos desequilibrantes”, “jogador de beirada”, “atacante terminal” e “sinapses do último terço”.

Sob Tite, nenhum grande craque está a salvo de desaprender.

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