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Ligação de Gallardo fez jogador negar o Boca antes de brilhar no River

Por Bruno Rodrigues (Folhapress)

Javier Pinola, 36, era um zagueiro desconhecido de muitos torcedores argentinos até que foi repatriado pelo Rosário Central, em 2015, após dez anos no futebol alemão.

Rapidamente, o defensor se firmou como uma das principais peças da equipe comandada por Eduardo Coudet. O sucesso imediato no retorno ao país despertou a cobiça dos dois principais clubes da Argentina, River Plate e Boca Juniors.

Presidente do Boca, Daniel Angelici conversou com Pinola por telefone e expressou ao atleta o desejo de vê-lo com a camisa azul e amarela. No dia seguinte a essa conversa, o zagueiro recebeu outra chamada. Era Marcelo Gallardo, técnico do River, convidando-o para fazer parte do plantel.

"Os dois clubes o queriam. Mas, quando Gallardo o chamou, ele decidiu pelo River. Não me deixou nem analisar as propostas, qual era melhor economicamente, nada disso", diz Marcelo Carracedo, ex-jogador e empresário de Pinola, à reportagem.

Carracedo conta que o presidente do Boca lhe perguntou se a questão era econômica. O empresário disse a Angelici que não e explicou que o fator de maior peso na decisão, além do sucesso esportivo recente do River Plate, era uma ligação sentimental com o clube.

"[O River] Foi onde ele sempre sonhou em jogar, o clube do qual é torcedor desde pequeno", afirma Carracedo.

A ligação de Pinola com o River é hereditária. Seu avô atuou nas categorias de base como meio-campista e chegou ao que os argentinos chamam de Quarta categoria, equivalente ao sub-20. Seu pai foi goleiro e passou por alguns times das divisões inferiores do futebol argentino, mas era riverplatense e foi o responsável por transmitir a paixão ao filho.

Em 26 de junho de 1996, Pinola estava nas cadeiras da Sivori Baja, arquibancada que fica atrás de um dos gols do Monumental de Nuñez, de onde viu Hernán Crespo marcar o segundo do River Plate na vitória por 2 a 0 sobre o América de Cali, da Colômbia, triunfo que deu aos argentinos o título da Libertadores naquele ano.

Marcelo Gallardo, hoje comandante do zagueiro, tinha apenas 20 anos e entrou no segundo tempo daquela partida para participar dos minutos finais da decisão continental.

Em dezembro daquele ano, os pais de Pinola permitiram que ele faltasse no colégio para assistir à final do Mundial de Clubes, contra a Juventus, que venceu os argentinos por 1 a 0.

Como jogador, Javier Pinola foi revelado pelo Chacarita Juniors. Passou pelo Atlético de Madrid, da Espanha, e pelo Racing, da Argentina, antes de chegar ao Nuremberg, da Alemanha, em 2005.

Em dez anos no clube alemão, conquistou uma Copa da Alemanha e se tornou o segundo jogador com mais jogos na história do Nuremberg, com 416 apresentações.

Em um evento de despedida realizado em 2015, o clube anunciou que um setor do estádio passaria a se chamar Javier Pinola. Nas arquibancadas, enquanto os alto-falantes tocavam "No Me Arrepiento de Este Amor" (Não Me Arrependo Deste Amor, em espanhol), da banda punk argentina Attaque 77, torcedores exibiram um mosaico com a imagem do ídolo.

Em sua última temporada na Alemanha, o Nuremberg foi rebaixado e ofereceram ao zagueiro um novo contrato com redução de salário. Na mesma época, o então técnico do Rosario Central, Eduardo Coudet, entrou em contato com o empresário do atleta e fez o convite para que ele voltasse a jogar na Argentina.

Na volta ao país, Pinola rapidamente se consolidou como titular. Foi vice-campeão da Copa Argentina de 2015 diante do Boca Juniors, em final muito contestada pelos rosarinos devido a erros de arbitragem contra o time.

Foi ainda em 2015 que Pinola recebeu o primeiro chamado de Gallardo para ir ao River. O zagueiro, contudo, disse que havia dado a palavra a Coudet de que renovaria o contrato com sua equipe. No fim do ano, o clube de Nuñez levantou a taça da Copa Libertadores.

Valorizado por suas atuações no Central, foi procurado em 2017 por Daniel Angelici, o presidente do Boca Juniors, e Marcelo Gallardo, com ligações telefônicas separadas por apenas 24 horas. Desta vez, o treinador conseguiu convencê-lo.

No ano passado, o River Plate conquistou mais uma Libertadores sob o comando do técnico, com a particularidade de que superou na decisão, disputada em Madri, o eterno rival Boca, naquele que é considerado o maior título da história do clube.

Hoje capitão, distinção herdada do volante Leo Ponzio, que era o dono da faixa na decisão continental de 2018 e se tornou reserva, Javier Pinola desfruta de um final de carreira em alto nível. E com a possibilidade de somar ao seu currículo mais uma taça internacional pelo clube, agora diante do Flamengo, em Lima, depois de derrubar mais uma vez pelo caminho o Boca, adversário nas semifinais.

A história de Pinola em seu retorno triunfal à Argentina leva a um inevitável exercício de imaginação: e se Gallardo não tivesse ligado uma segunda vez?

 

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