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Adriana Calcanhotto encerra no Circo Voador a turnê do álbum ‘Maré’, último capítulo de sua trilogia marinha

Por Affonso Nunes

Após sete meses rodando o Brasil, cidades europeias e dos Estados Unidos, Adriana Calcanhotto está encerrando a turnê do álbum “Margem”, última parte dos devaneios poético-musicais iniciados despertados pelos álbuns “Marítimo” (1998) e “Maré’ (2008). O espetáculo volta ao Rio no próximo dia 8, no Circo Voador. Em dezembro, a cantora e compositora gaúcha (carioca por opção) registrou show realizado na Cidade das Artes para um DVD a ser lançado ainda este ano.

Meticulosa em todas as etapas de sua obra, Calcanhotto assina a direção do espetáculo. A banda que a acompanha é formada pelos mesmos músicos que tocaram e coproduziram com ela o trabalho em estúdio: Rafael Rocha (MPC, bateria, percussão, Handsonic e assovio), Bruno Di Lullo (baixo e synth) e Bem Gil (guitarra e synth).  Mahmundi e Rubel, destaques da novíssima safra de criadores da MPB, fazem participação especial. E Ana Cañas abre a noite.

-  O espetáculo é onde as águas da trilogia se encontram, uma espécie de pororoca de água salgada – avisa Adriana.

As canções de “Margem” aportam no palco, mas a carta de navegação resgata composições dos outros dois álbuns da trilogia marinha como “Mais feliz”, “Vambora”, “Quem vem pra beira do mar”. Isso sem deixar de lado sucessos da vasta discografia que completa de 30 anos como “Devolva-me” e “Maresia”, que receberam novos arranjos, assim como “Futuros amantes” (Chico Buarque), incluída como faixa exclusiva da edição de “Margem” lançada no mercado japonês.

- É uma canção irmã de “Os ilhéus”. Ambas apontam para muito tempo depois de nossa civilização, apostando no amor e na virtude como humanidades sobreviventes aos tempos. As duas só se encontram no palco (e no disco japonês) e em sequência. É dos momentos mais fortes do show, pra mim, no sentido do quanto uma canção pode exigir de nós em termos da nossa capacidade de rendição à beleza. Será que um dia Copacabana será a nova Atlântida? Chico Buarque e Antonio Cicero é quem sabem - especula a compositora, referindo-se a Chico e a seu parceiro em “Os ilhéus”.

Versada nos assuntos do mar, nos ventos e marés da criação, Calcanhotto conta que sua ideia inicial de espetáculo era promover no palco a sensação de um luau.

- Luaus dependem da força do vento, do tempo que ele sopra numa só direção, da maré, e esse show é assim; completamente dependente do mar. Com os ensaios, porém, fui percebendo que o emaranhado de textos do roteiro, com seus ecos e referências literárias, foi se superpondo à ideia de luau que é, a princípio, menos complexa.

E assim os arquétipos marinhos foram dando as caras, no conceito geral e na própria sonoridade obtida com os seguidos ensaios que antecederam a estreia nos palcos.

- O som do show não quis ser o som do disco, o universo timbrístico teve que se expandir pra conter as canções da trilogia e mais as outras todas e isso era previsto. Mas o som do show resultou mais relaxado, mais vagabundo. Interessante foi notar as ligações que as canções começaram a fazer entre si independentemente da minha ação. De certa forma, fui observando o roteiro se fazer a si próprio, maneira inteiramente nova pra mim de conceber um espetáculo – conta a compositora.

Serviço

ADRIANA CALCANHOTTO - TURNÊ ‘MARGEM’

Abertura: Ana Cañas Circo Voador (Rua dos Arcos, s/nº - Lapa) 8/2, a partir das 22h.

Ingressos: 1º lote: esgotado; 2º lote: R$ 120 e R$ 60; 3º lote: R$ 140 e R$ 70.

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