Por Affonso Nunes
Em novembro de 2018, por ocasião de seu aniversário de 80 anos, Martinho da Vila fez um show histórico no Theatro Municipal. Para os que não tiveram a sorte de estar na plateia naquelas duas noites, acaba de sair em DVD a íntegra do espetáculo “Martinho 8.0 - Bandeira da fé: um concerto pop-clássico (ao vivo)”. aqui.
Compositor de algumas obras-primas da MPB, o sambista que acaba de completar 82 anos garante que a a gravação deste DVD foi o seu mais importante trabalho realizado no Municipal.
- Só é comparável ao ”Concerto negro” – destaca o artista, referindo-se a seu mais ambicioso projeto criado em 1988 (ano de centenário da abolição da escravatura) que tinha como proposta mostrar a participação dos negros no universo da música de clássica.
Desta vez, Martinho se vale do conceito pop-clássico em “Bandeira da fé”. A ponte entre a música popular e a dita erudita é uma peça musical é dividida em dois atos. O primeiro termina com uma exibição da porta-bandeira e do mestre-sala da Unidos de Vila Isabel, dançando um frevo-samba, com a participação de Tunico da Vila, filho do compositor. O segundo culmina com um inédito jongo sintonizado, apologia a Zumbi dos Palmares.
No espetáculo dirigido pelo produtor João Wlamir, iluminação de Antônio Antunes e captação de imagens por Bruno Murtinho, Martinho recebe como convidados especiais o rapper Rappin Hood e a pianista Maíra Freitas. Quem o acompanha no palco são os músicos Gabriel de Aquino, Alaan Monteiro, João Rafael, Gabriel Policarpo e Bernardo Arias, além da Orquestra Filarmônica do Rio, sob a regência do Maestro Leonardo Bruno.
- A Filarmônica do Rio e a banda de músicos populares, lindamente dirigida pelo Gabriel de Aquino, é que são os grandes destaques – comenta Martinho, fazendo questão de enaltecer o trabalho coletivo.
No repertório, Martinho interpreta 15 canções, entre as quais “Kizomba, festa da raça”, “Depois não sei, “Devagar devagarinho”, “Casa de bamba” e um medley com “O pequeno burguês” e “Canta canta minha gente”, entre outras.