Antes de tudo, um forte

Por Cláudia Chaves, especial para o Correio da Manhã

O mês de março traz, como há tempos não se via , uma forte atividade no Teatro Carioca. São mais de 40 peças em cartaz. Remontagens como o Método Grönholm, dois espetáculos homenageando os 100 anos de Clarice Lispector, musicais, experimentos, site-specific, veteranos, estreantes, uma colcha de retalhos que abarcar absolutamente todas as tendências. Comédias, dramas, clássicos, espetáculos premiados demonstram como é forte ainda a arte dramatúrgica na capital cultural do Brasil.

E mais importante ainda, a maioria não tem qualquer patrocínio, mas a qualidade artística é garantida pelo esforço dos artistas que continuam preocupados em discutir temas atuais como racismo, feminismo, injustiça social mas também trazer os clássicos para reflexão e comédias para fazer com que as plateias possam participar dessa experiência fascinante. Esta seleção é dividida em três atos: as companhias de fora que trazem seus espetáculos à cidade, estreias e remontagens que valem à pena ser vistas. Obrigado, turma. Avante!

ATO 1 - Vamos invadir sua praia

Augusto Matraga: O espetáculo da Companhia do Sopro, de São Paulo, conta a história de Augusto Matraga, o Nhô Augusto, personagem emblemático de Guimarães Rosa. Sexta e sábado, às 21h, e Domingo, às 19h. Teatro Poeirinha (R. São João Batista, 104 - Botafogo).

Ato 2 - Estreias

O baterista: comédia dramática musical escrita pelo dramaturgo e roteirista Celso Taddei, interpretada por Antônio Fragoso. Terças e quartas, às 21h. Teatro Poeira (R. São João Batista, 104 - Botafogo).

Trintões e solteiros: a comédia fala de amor, fala de equívocos, encontros e desencontros, padrões, da mulher moderna, do homem contemporâneo, das buscas afetivas, de sexualidade, de nossa atual sociedade. Sexta a domingo, às 19h. Castelinho do Flamengo (Praia do Flamengo, 158).

Esperança na caixa de chicletes Ping Pong: inspirado na obra poético-musical de Zeca Baleiro, o texto de Clarice Niskier, com supervisão de Amir Haddad, faz uma declaração de amor à cultura popular brasileira. Sexta, sábado e domingo, às 20h. Teatro Petra Gold (Rua Conde de Bernadotte, 26 - Leblon).

Método Gronholm – em busca de um emprego: texto do dramaturgo catalão Jordi Galceran, tradução e direção de Lázaro Ramos, com Luís Lobianco, George Sauma, Raphael Logam e Anna Sophia Folch, traz um assunto mais do que atual: como ter um bom emprego e sobreviver em meio a mais dura competição do mundo contemporâneo. Sexta e sábado, às 21h, e domingo, às 20h. Teatro Prudential (Rua do Russel, 804 - Glória).

Pá de cal: gira em torno do suicídio do personagem central, o membro mais jovem de uma família e de como serão terceirizadas as responsabilidades nas decisões seguintes ao trágico acontecimento. Quinta a segunda, às 20h. CCBB (Rua Primeiro de Março, 66 - Centro).

O clássico êxodo: nova criação do Coletivo Arame Farpado que se debruça sobre um dos temas que mais impactam as grandes cidades e que contribuem fortemente para as desigualdades urbanas: o transporte público. Quinta a domingo, às 18h. Sala Multiuso do Sesc Copacabana (R. Domingos Ferreira, 160).

Bordados: o mais novo espetáculo do Amok Teatro, traz um momento de conversa entre mulheres árabes, ao longo de uma sessão de chá. Quarta a domingo, às 19h30. Teatro III do CCBB (Rua Primeiro de Março, 66 - Centro).

Mulher multidão: espetáculo feminista que mostra as forças e fragilidades da mulher contemporânea. Terças e quartas, às 19h. Casa de Cultura Laura Alvim / Espaço Rogério Cardoso (Av. Vieira Souto, 176 - Ipanema).

Maravilhoso escândalo: Adaptação do romance Água Viva, de Clarice Lispector, Sexta a segunda, às 19h30. Teatro Gláucio Gill (Praça Cardeal Arcoverde, s/nº - Copacabana).

Aquilo que acontece entre nascer e morrer: o texto de Fabrício Moser investe no cruzamento de diferentes linguagens artísticas para abordar questões fundamentais sobre a vida. Sábados e domingos, às 20h. Casa 136 Laranjeiras (Rua Ipiranga, 136 - Laranjeiras).

Quarta-feira, sem falta, lá em casa: comédia com Nicette Bruno e Suely Franco, que conta a história de Alcina e Laura, duas amigas que se reúnem semanalmente para jogar conversa fora e tomar um chá. Sextas, às 20h30, sábados, às 18h, e domingos, às 17h. Teatro Claro Rio (Rua Siqueira Campos, Nº 143 - 2º Piso - Copacabana).

Ao redor da mesa, com Clarice Lispector: espetáculo promove o encontro da escritora consigo mesma, em dois momentos de sua vida, e traz à tona questões sobre arte, política e gênero. Quinta a domingo, às 20h. Mezanino do Sesc Copacabana (R. Domingos Ferreira, 160).

Yabá - mulheres negras: espetáculo repleto de referências à cultura iorubá e a seus orixás, dialoga sobre o racismo e as diversas faces das mulheres negras. Quintas, sextas e sábados, às 19h, e domingos, às 18h. Teatro Firjan Sesi Centro (Av. Graça Aranha, 1 - Centro).