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‘Beethoven é a própria música’

Por Affonso Nunes

Ludwig van Beethoven nasceu em dezembro de 1770, em Bonn (Alemanha). Seu pai era um músico sem grandes talentos, mas teve o mérito de investir no pequeno Ludwig, que, aos  14 anos, foi nomeado organista na corte do príncipe- -eleitor de Colônia. Em 1787, foi enviado a Viena – o maior centro musical da época - para estudar com Mozart, mas este convívio foi interrompido por uma doença da mãe que o fez retornar à Alemanha.

Em 1792, voltou à capital austríaca para fixar residência. Teve como professores Haydn e Salieri e rapidamente conquistou reputação na exigente corte musical vienense. Os primeiros sintomas da surdez foram constatados quando tinha 26 anos. A enfermidade só fez aumentar com o passar dos anos, fazendo que o compositor passasse a fechar-se em si mesmo e em sua  música, o que um dia levou Richard Wagner a declarar eu “Beethoven não é um músico, ele é a própria música”.

Perfeccionista, Beethoven passava anos amadurecendo uma ideia musical até dar-se por satisfeito, ele anotava os acordes que lhe vinham à mente num caderno que tinha sempre à mão. A evolução de muitas de suas obras pode ser conferida in loco nas correções de suas cadernetas, em que às vezes aparecem até dez tiras de papel coladas sobre uma passagem.

Influenciado desde jovem pelo ideário da Revolução Francesa, considerava-se republicano e democrata, dedicando sua terceira sinfonia (a Heroica) a Napoleão Bonaparte. Anos mais tarde, rasgaria a dedicatória. Os críticos lhe atribuem a virada de chave do classicismo (reinante no fim do século XVIII) para a expressão e o pensamento românticos. Sua obra inaugurou a música do século XIX, rompendo com o formalismo do período anterior impondo um tipo de expressão mais livre. Contribuiu para levar música a todo o povo, não apenas a auditórios restritos da corte.

Sua produção se deu em anos de grandes transformações estilísticas na música de concerto, sendo ele mesmo um dos protagonistas dessas mudanças. Na fase final do classicismo, compunha claramente inspirado em Haydn e Mozart, como se vê nas duas primeiras sinfonias, nos seis primeiros quartetos para música de câmara e nas dez primeiras sonatas para piano, com destaque a “Patética” (1798), talvez a mais carregada de dramaticidade.

Sua transição para o romantismo ocorre entre 1800 e 1815. São dessa época não só a “Heroica”, mas sua obra mais conhecida do grande público até hoje: a “Quinta Sinfonia” cujos impactantes acordes de introdução do primeiro movimento tornaram-se do conhecimento até de quem não aprecia música de concerto. Mas sua obra prima é, sabidamente, a “Nona Sinfonia” em cujo quarto movimento um coro canta os versos da “Ode à alegria”, de Schiller, um dos momentos mais sublimes da história da música, um canto de amor à humanidade, que nos faz transbordar em alegria e esperança.

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