Cultura | Uma proposta de performance completa

Um homem pega o metrô errado, mata dois policiais e rouba um livro. Agora ele precisa fugir. Esse é o mote de “O Filho do Presidente”, espetáculo solo escrito e encenado por Ricardo Cabral, com direção de Natasha Corbelino, que reestreia hoje. Com transmissão gratuita via Zoom, a peça segue em cartaz até dia 16, de quinta a terça-feira. Todas as sessões contam com tradução em libras.

A peça foi a primeira produção brasileira a estrear virtualmente durante a quarentena. Em março de 2020, quando o isolamento social interrompeu os ensaios, o ator e a diretora transformaram o processo de criação e o espetáculo estreou em formato de videoconferência. Com mais de 40 sessões e 2 mil espectadores acumulados no Brasil e no exterior, “O Filho do Presidente” está indicado ao Prêmio Arcanjo de Cultura na categoria Teatro.

Quase um ano depois, a montagem volta à cena no mesmo formato. “Não queríamos fazer teatro filmado. Nossa pesquisa era descobrir o que podem corpo e câmera juntos”, avalia Cabral. “É teatro, cinema, performance e live, tudo ao mesmo tempo.”

Quatro das doze sessões serão seguidas de conversas com o público. Psicanalistas, professores, artistas e integrantes de movimentos sociais foram convidados para discutir os temas alavancados pela peça. Os debates acontecerão sempre às sextas e sábados, após o término da sessão.
Este é o quarto espetáculo do Teatro Caminho, grupo carioca que pesquisa desde 2014 teatro em espaços não convencionais. Seu primeiro trabalho foi “Casa vazia”, espetáculo de 24 horas de duração que acontecia em casas da cidade. “Há sete anos investigamos relações entre cena, espaço e itinerância. Mas como trabalhar nesse não-espaço virtual?”, questiona Ricardo Cabral.