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Monólogo desnuda lado libertário de Ítala Nandi

Por Cláudia Chaves
Especial para o Correio da Manhã

Ítala Nandi entra em cena ao vivo com um figurino que mistura roupas e adereços de diversas personagens que ela interpretou ao longo da carreira. A atriz vai pouco a pouco se despindo e coloca cada peça em uma arara no fundo do espaço.

Assim abre o espetáculo “Paixão Viva”, solo performático com o qual Ítala Nandi dá início às comemorações dos seus 80 anos. O texto é escrito pela atriz com o cineasta Ewaldo Mocarzel, que também a dirige. A estreia será no próximo dia 27 de junho, às 19h, durante o projeto #EmCasaComSesc, com exibição pelo canal do YouTube do Sesc São Paulo. Ewaldo Mocarzel, o diretor, fala com exclusividade ao Correio da Manhã.

Do mito Ítala Nandi, qual foi o recorte que você escolheu para este espetáculo?

EWALDO MOCARZEL – A ideia inicial era fazer uma obra híbrida, misturando as linguagens do teatro com o cinema nessa nova modalidade de presença que é a presença remota nesses tempos de pandemia e de confinamento, que, aliás, mesclam a linguagem cênica, ao vivo, com a do cinema, tudo mediado pela tecnologia. Sempre tive vontade de experimentar isso porque há aí uma linguagem nova a ser explorada nessas “lives” como arte contemporânea. Estou chamando de “live performativa”, um documentário cênico ao vivo mediado pela tecnologia que vai focalizar a trajetória de vida de Ítala Nandi.

Uma longa trajetória, aliás...

O foco maior está na saída de Ítala de Sete Léguas, bem pertinho de Caxias do Sul, os primeiros anos de carreira, a ida para o Teatro Oficina com o primeiro companheiro Fernando Peixoto, quando fez parte de montagens históricas como “O Rei da Vela”, e ainda a intensa participação no cinema brasileiro nos anos 1960 e, sobretudo, na década de 1970, além de algumas telenovelas e também focalizando os homens e mulheres que amou e admirou, pois, para uma grande atriz como Ítala Nandi, não há separação entre Arte e Vida. Neste documentário ao vivo ela vai criar “diálogos” imaginários com o pai, o grande Mestre Eugenio Kusnet e várias outras pessoas reais e imaginárias que marcaram profundamente a sua vida e a sua arte.

Qual foi a maior contribuição de Ítala à atividade teatral?

Ela marcou profundamente o teatro brasileiro principalmente por sua atuação no Teatro Oficina como atriz, produtora e também contadora, pois ela também é formada em Ciências Contábeis e administrou essa instituição da cultura brasileira em uma época em que não havia patrocínio com muito êxito, sempre guardando dinheiro para novas produções. Ítala também é e sempre será um dos rostos mais marcantes do cinema brasileiro de todos os tempos.

Uma palavra para você definir Ítala?

Vou “roubar” uma definição de José Celso Martinez Corrêa para Ítala: libertária!

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