Vendas de Natal sobem 10%, mas lojistas de shoppings não superam perdas da pandemia

Por: Fernanda Brigatti

As vendas do Natal deste ano nos shoppings tiveram crescimento real –já descontado efeito da da inflação no período– de 10% na comparação com a temporada de compras do ano passado. O resultado foi divulgou nesta segunda-feira (27) pela Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings).

O bom desempenho, no entanto, não foi suficiente para levar o varejo desse segmento ao patamar de 2019. No balanço anual, os centros comerciais projetam encerrar 2021 com R$ 204 bilhões em vendas. A cifra representa um crescimento de 58% em relação a 2020. Na comparação com o resultado de 2019, porém, houve queda de 3,5%.

Segundo a associação, os 15 mil pontos de vendas representados pela entidade em todo o Brasil receberam 123,7 milhões de consumidores nas semanas que antecederam o Natal. O volume de visitas é atribuído ao avanço da vacinação contra a Covid-19.

Além de dar mais segurança aos clientes, a imunização permitiu o fim de restrições nos horários de funcionamento de lojas. Em 2020, muitos estados, como foi o caso de São Paulo, ainda adotavam regras para evitar aglomerações, o que reduziu a circulação de clientes nos centros de compras.

A Alshop diz que o retorno do consumidor aos shoppings permitiu que as vendas fossem melhores, apesar da redução no poder de compra. Para a associação, a inflação em alta, o desemprego elevado, a falta de confiança do consumidor na economia e o câmbio desfavorável são fatores que impediram um resultado melhor.

A falta de matérias-primas e os entraves logísticos também afetaram os lojistas, que não conseguiram oferecer a mesma diversidade de produtos de outros anos.

Levantamento da associação aponta que 77% dos consumidores que foram aos shoppings compraram presentes. A maioria deles (61%) escolheu uma peça de roupa. Também estavam entre os itens mais procurados os brinquedos (37%), perfumes e cosméticos (36%), calçados (36%) e acessórios (24%).

"A população está cada vez mais confiante. Ainda com desafios, essa retomada representa um alento para os lojistas que ficaram meses sem esperança de dias melhores, e hoje, tudo resulta no crescimento de vendas presenciais nas lojas", diz, em nota, Nabil Sahyoun, presidente da Alshop.

Outro efeito da pandemia sobre as vendas foi a adaptação das lojas físicas ao ecommerce. Além de sites próprios, muitos passaram a fechar vendas por meio de ferramentas como WhatsApp. Segundo a Alshop, 45% das vendas para o Natal vieram do ecommerce. As compras presenciais em lojas físicas ficaram com 40%.

As formas de pagamentos mais usadas foram dinheiro (48%), cartão de crédito (39%), débito (38%) e PIX (30%).

Segundo a Alshop, as contratações temporários feitas por lojistas neste fim de ano chegaram a 94,3 mil trabalhadores, com salário médio entre R$ 1.600 a R$ 1.900. A taxa média de efetivação desses empregados é de 14%.

Outras associações do varejo ainda não divulgaram seus balanços de vendas deste fim de ano. A Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers) projeta que as vendas entre 19 e 25 de dezembro cheguem a R$ 5,6 bilhões, alta nominal de 16% em relação ao mesmo período em 2020. Os números consolidados serão divulgados na quinta (30).

A Ablos (Associação Brasileira dos Lojistas Satélites), que representa os varejistas de menor porte em shoppings, espera divulgar ainda nesta segunda o resultado da temporada de compras para o Natal deste ano.

Além das semanas que antecedem o Natal, o comércio varejista também faz suas apostas na temporada de trocas. No domingo (26), muitos clientes já ocupavam os shoppings na tentativa de trocar presentes recebidos nos festejos, por não gostar da cor, precisar de outra numeração ou preferir um produto diferente.

Para o comércio de rua, as trocas começam nesta segunda (27) e são vistas como uma chance de o lojista atrair o consumidor para dentro da loja, abrindo caminho para novas compras não programadas.