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Fundos de investimento têm captação recorde em 2021 impulsionados pela renda fixa

Por: Lucas Bambona

O aumento da taxa básica de juros, a Selic, e o retorno que veio na esteira do interesse dos investidores pelas oportunidades na renda fixa fez a indústria brasileira de fundos de investimento registrar um recorde histórico de captação em 2021.

De janeiro a dezembro, foi captado um volume próximo a R$ 369 bilhões pelas gestoras de recursos por meio dos fundos de investimento, o que corresponde ao maior valor da série histórica iniciada em 2002, e um crescimento da ordem de 106,4%, na comparação com o resultado de 2020, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (6) pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

A renda fixa foi, com folga, a maior responsável pelos números dos últimos 12 meses, tendo registrado sozinha captação de R$ 215,2 bilhões, cerca de 58,1% do total.

Segundo Pedro Rudge, diretor da Anbima, em função da alta da taxa básica de juros, a Selic, em especial ao longo do segundo semestre de 2021, o processo de diversificação das carteiras perdeu força nos últimos 12 meses.

Em 2020, quando a Selic chegou à mínima histórica de 2% ao ano, a classe de títulos públicos e privados havia sofrido resgates de R$ 38 bilhões.

"Nos momentos em que vemos mudanças no potencial de retorno [da renda fixa] e avanço no risco, é bastante racional e entendível que as pessoas realoquem um pouco os seus patrimônios. Eventualmente, o investidor mais alocado em ações começa a ter um pouco mais de desconforto com a volatilidade que temos visto no mercado. É normal esse freio de arrumação quando algum indicador tem um comportamento muito forte, como a gente viu o aumento da taxa de juros, no segundo semestre principalmente", afirmou Rudge, durante coletiva online.

Com o resultado, o patrimônio líquido da indústria de fundos chegou ao final do ano passado em R$ 6,9 trilhões, evolução anual de 12,7%, com a renda fixa representando 37,1% do total.

Já os fundos de ações, por sua vez, que em 2020 tiveram entradas líquidas de R$ 73 bilhões, viram o interesse dos investidores minguar mais recentemente. No ano passado, quando o Ibovespa encerrou com queda de 11,9%, os fundos da categoria captaram apenas R$ 200 milhões.

Destaque ainda para os fundos multimercados, em que cabe ao gestor navegar em busca das melhores estratégias ao sabor das mudanças de vento do mercado. A classe teve captação de R$ 59,6 bilhões em 2021, ainda que bem abaixo dos R$ 104,5 bilhões do ano anterior.

Em termos de rentabilidade, o destaque fica novamente por conta dos fundos de renda fixa –a estratégia que aloca a carteira em papéis de longo prazo e classificação de risco grau de investimento teve rentabilidade positiva de 11,8% em 2021.

Por outro lado, os portfólios em que os gestores têm mandato livre para escolher as ações que julgam com as melhores perspectivas tiveram retorno negativo médio de 10,7% no período.

Na quebra por segmento de investidor, o varejo apresentou captação líquida de R$ 121,1 bilhões, enquanto os institucionais e o poder público aportaram volume de R$ 66,9 bilhões cada.

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