Criptomoedas caem 10% com crise na libra e computador quântico

Por Júlia Moreira (Folhapress)

As cotações de criptomoedas despencam nesta quarta-feira (23) com o depoimento de Mark Zuckerberg no Congresso americano. O presidente do Facebook foi convocado para dar explicações sobre o lançamento da criptomoeda libra e sua segurança.

Soma-se à discussão regulatória o receio do mercado quanto ao lançamento do computador quântico do Google. Segundo especialistas, o equipamento pode colocar em risco o modelo de negociação das moedas virtuais.

Como efeito, as criptomoedas amargam quedas de quase 10%. Por volta das 12h44, o bitcoin, por exemplo, cai 8,2% e vai a US$ 7.459 (R$ 30.358), menor patamar desde maio. A litcoin cai 9,8%, a US$ 48,96, menor valor desde abril.

"Apesar da libra não estar diretamente ligada ao bitcoin, ela é um expoente dessa tecnologia. Essa questão regulatória nos EUA pode impactar todas as criptomoedas", afirma Fabrício Tota, diretor de mercado de balcão do Mercado Bitcoin.

O mercado teme que essas moedas sejam consideradas valores mobiliários e passem as ser reguladas pela SEC (Securities and Exchange Comission, agência federal americana que regulamenta os mercados de valores mobiliários). Hoje, elas são negociadas livremente em diversas plataformas digitais.

Em seu depoimento no Comitê de Serviços Financeiros da Câmara, Zuckerberg disse que, se depender do Facebook, a libra não será lançada até que todas as preocupações regulatórias do governo americano sejam resolvidas. Atualmente, a moeda está programada para ser lançada em 2020.

Desde que foi anunciada, a libra enfrenta desconfiança de governos da União Europeia e dos Estados Unidos, que veem grandes riscos neste novo tipo de criptomoeda.

A libra é uma stablecoin, ou seja, uma criptomoeda apoiada por ativos, como depósitos em dinheiro, títulos do governo de curto prazo ou ouro, o que lhes dá menos flutuação do que moedas como o bitcoin.

Quando lançadas em larga escala, as stablecoins podem ameaçar o sistema monetário e a estabilidade financeira do mundo, disse um grupo de trabalho do G7 em um relatório destinado a ministros de finanças reunidos em Washington para reuniões do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial.

A tecnologia emergente, que atualmente não é regulamentada, como outras criptomoedas, também pode dificultar os esforços internacionais para combater a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo, além de criar problemas de segurança cibernética, tributação e privacidade, segundo o relatório.

A repercussão negativa da libra levou à debandada neste mês de marcas importantes, como Visa e Mastercard, do consórcio que reúne 21 membros.
Além do entrave regulatório para o mercado, as criptomoedas também foram impactadas pelo lançamento do computador quântico do Google. A nova tecnologia poderia quebrar a criptografia que protege as moedas digitais.

"Apesar de ser mais um avanço de laboratório do que ter um impacto imediato, [o computador quântico] é um desafio gigantesco para as criptomoedas, que coloca em xeque a segurança desse modelo de mercado", diz Topo.