Rappi anuncia criação de banco digital

O aplicativo Rappi terá seu próprio banco digital. O RappiBank já está disponível para as empresas parceiras do aplicativo e deve oferecer contas para pessoas físicas e jurídicas, cartão de crédito e empréstimos ao longo de 2021.

A iniciativa é mais um passo da companhia em se consolidar como um dos principais "super apps" do mercado brasileiro.

O conceito de "super app" é inspirado no WeChat, aplicativo chinês que se tornou um dos principais sistemas multiplataformas da Ásia, reunindo funções como envio de mensagens, operações financeiras, contratação de serviços e compra de produtos.

O movimento segue um caminho diferente das apostas da sua principal concorrente, a Movile –holding que controla uma série de aplicativos, como o Ifood, Sympla, Wavy e Superplayer– e cuja estratégia é ter cada serviço especializado separado em uma atividade diferente.

"Queremos que um grande número de usuários entre e se engaje na plataforma o máximo possível. O objetivo é ser um dos quatro ícones da tela principal" afirmou Sérgio Saraiva, presidente do Rappi, à reportagem.

Nessa linha, o RappiBank promete ser o grande braço financeiro na estratégia multiplataforma da companhia colombiana.

O primeiro produto financeiro do novo banco digital, disponível já em seu lançamento, será o crédito para capital de giro -chamado de RappiCapital-, voltado para todas as companhias parceiras do aplicativo.

A linha é voltada para todas as faixas de faturamento e terá taxas a partir de 1,7% ao mês e prazo de até 24 meses. O valor dos empréstimos poderá ser de R$ 10 mil a R$ 500 mil. A solicitação do crédito é digital e, segundo a companhia, não precisa de garantias.

"Inicialmente concederemos crédito como correspondentes bancários", afirmou o presidente do RappiBank, João Paulo Félix.

Segundo o executivo, no entanto, a instituição já está no processo de pedir autorização ao Banco Central para atuar como instituição de pagamento e SCD (Sociedade de Crédito Direto) –regulação trazida pela autoridade monetária em 2018 e que permite que fintechs emprestem dinheiro próprio.

"A expectativa é fazer o pedido ao Banco Central ainda no primeiro trimestre", afirmou Félix.

Além do crédito para capital de giro lançado neste mês, a instituição prevê estrear uma linha de antecipação de recebíveis em fevereiro e o cartão de crédito para pessoas físicas, em março. As taxas de juros e as demais condições para esses produtos ainda não foram definidas.

Os usuários do aplicativo também já podem se cadastrar na lista de espera para adquirir o cartão do novo banco digital, que será oferecido em duas modalidades.

A primeira, com bandeira Visa Infinity, terá anuidade de 12 parcelas de R$ 89,99. Já o plástico com bandeira Visa Gold não terá anuidade. Ambos oferecerão cashback.

Félix também afirmou que a tendência é que produtos voltados para seguros e investimentos sejam oferecidos no médio e longo prazo, por meio de parcerias.

Em termos de inadimplência, o presidente do RappiBank afirmou que a expectativa é que os níveis de calotes sejam controlados.

"O poder desse produto dentro do ecossistema do Rappi é que a capacidade de flexibilização tende a ser maior do que a de instituições financeiras tradicionais", disse Félix.
Para o presidente do Rappi, Sérgio Saraiva, a expectativa é de crescimento para as áreas de atuação da companhia.

"Cada vertical [dentro do Rappi] tem autonomia para evoluir. Para 2021, esperamos que principalmente o banco, o ecommerce e o Rappi Travel ganhem uma velocidade ainda maior, crescendo cada um em seu segmento de forma estruturada e competitiva", completou.

O movimento dos super apps também ganha força no sistema financeiro. Bancos digitais intensificaram ao longo de 2020 a oferta de produtos e serviços não financeiros em suas plataformas, com o objetivo de concentrar soluções em único lugar para atrair e fidelizar novos clientes.