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Ex-executivos do grupo X levam temor ao mercado de óleo e gás

O empresário Eike Batista fez escola. Um grupo de ex-executivos do grupo X está levando temor ao mercado de óleo & gás. É uma trama que envolve muito dinheiro, um grupo americano e executivos condenados por fraudes. Tudo começou em 2013, com a criação da Starboard, um fundo de investimentos americano, com ativos da ordem de R$ 7 bilhões. No Brasil, o fundo se dedica à reestruturação de empresas em dificuldades. As empresas administradas pela Starboard acumulam dívidas de R$ 86 bilhões. Esse fundo controla várias empresas, algumas estão envolvidas em operações criticadas por órgãos reguladores brasileiros e por concorrentes, pelas práticas que lembram o apogeu e glória do Grupo X.

No império Starboard está a Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE), empresa responsável pela maior crise do setor elétrico do governo Bolsonaro. Segundo laudo da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), o apagão ocorrido no estado do Amapá foi ocasionado pela falta de manutenção na subestação de Macapá. O relatório da agência reguladora constatou erros e lavrou multa de mais de R$ 600 mil para a operadora.

O grupo Starboard tem executivos com problemas na Justiça. É o caso de Carlos Andre Gava Rotta (sócio e administrador da Starboard Asset – gestora que administra os fundos que controlam a 3R Petroleum Óleo e Gás S/A). Ele foi condenado pela CVM por manipulação de preços em operações do Banco Cruzeiro do Sul em 2019: “condenação de Carlos André Gava Rotta e Paulo Eduardo de Mingo à multa de R$ 400.000,00, cada um, por manipulação de preços nas operações realizadas entre 29/9/2010 e 14/10/2010”. Rotta agora está envolvido em negociações de compra de áreas de óleo e gás da Petrobras, o que causa arrepios em empresários do setor.

Outra empresa da Starboard que repete as práticas do grupo X é a petroleira 3R. O presidente da 3R é Ricardo Savini, ex-grupo X e que fundou e faliu, em Minas, a empresa Georadar (2017). Isso deixou um rastro de mais de 600 processos, em 9 estados, referentes a dívidas não pagas, e algumas delas estão sendo cobradas diretamente da Petrobras na Justiça _ isso porque a Georadar era subcontratada pela estatal para prestar serviços de geologia. O estranho é que mesmo tendo essa ficha corrida, Savini senta-se à mesa com a Petrobras para negociar a compra de ativos da estatal.

Uma busca na internet mostra a ficha corrida de Ricardo Savini: o Jusbrasil encontrou 27 processos em 9 estados (Alagoas – TRT 19ª Região; 1 no Pará – TRT 8ª Região; 1 em Amazonas - TRT 11ª Região; 2 no Maranhão – TRT 16ª Região; 5 em Minas Gerais – TRT 3ª Região; 2 no Rio Grande do Norte – TRT 21ª Região; 1 no Rio de Janeiro - TRT 1ª Região; 1 em Salvador – TRT 5ª Região; 1 em Aracaju – TRT 20ª Região).

A trajetória da Georadar lembra a derrocada do Império X: o Jusbrasil encontrou 661 processos de Georadar Levantamentos Geofísicos S/A nos Diários Oficiais. 126 processos são do TRT19 e 113 processos são do TRT3. Desses processos encontrados, Christiano Drumond Patrus Ananias foi a parte que mais apareceu, totalizando 480 processos, seguido por G. S. P. com 253 processos. A empresa está sendo processada por empresas privadas e agentes públicos, como a Petrobras, o BB e até por prefeituras municipais, por calotes.

A 3R é uma empresa que pensa alto. No começo de dezembro de 2020, a 3R ganhou destaque após oferecer US$ 1,1 bilhão por quatro ativos da estatal em Urucu (AM). Mas para surpresa de todos, a 3R não conseguiu depositar as garantias para tomar posse dos ativos. Temendo o fracasso do leilão, no último dia 7, a estatal surpreendeu o mercado e reabriu o leilão, que deve receber novas ofertas na segunda quinzena deste mês. Em jogo, está o controle e uma das mais importantes de reservas de gás da região amazônica, fundamental para resolver o problema de abastecimento de energia de estados da Região Norte e que pode levar garantia de energia para cerca de 5 milhões de pessoas em várias cidades, entre elas Manaus e Macapá.

 

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