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Governo eleva projeção do PIB em 2021 de 3,2% para 3,5%

Fábio Pupo (Folhapress)

O governo elevou a projeção de crescimento para o PIB (Produto Interno Bruto) neste ano de 3,2% para 3,5%, acompanhando o maior otimismo do mercado sobre a atividade no país e no mundo após a retração gerada pela pandemia em 2020.

O número foi divulgado nesta terça-feira (18) pelo Ministério da Economia e atualiza a projeção anterior, que não era alterada desde maio do ano passado. A pasta destaca que o setor de serviços, o principal da economia brasileira, tem apresentado recuperação em 2021 com um nível mais próximo ao pré-crise e que as projeções estão sendo elevadas também em outros países em meio ao avanço da vacinação contra a Covid-19. "Os bons resultados da atividade brasileira no começo deste ano, quando comparados às expectativas iniciais de mercado, indicam que a economia manteve a tendência de crescimento, apesar do fim do auxílio emergencial [retomado em abril com valores mais baixos]", diz a pasta em boletim sobre o tema.

Os indicadores reunidos pelo ministério mostram, no entanto, um desempenho misto. Apesar do reaquecimento em indústria e serviços no começo do ano, houve arrefecimento em março e abril com o recrudescimento da pandemia.

Dados mais recentes, de abril (contra março), apontam maior confiança de consumidores e empresários no comércio e nos serviços -mas menor no caso da indústria e da construção civil. Adolfo Sachsida, secretário de Política Econômica, afirma que a previsão do PIB é conservadora pois analistas do mercado apostam em crescimentos maiores e defendeu que a melhora está relacionada à agenda de reformas. "Qual nossa leitura? É que insistir na agenda pró-reformas e de mercado é o caminho", afirma.

Sachsida afirmou que a vacinação é fundamental para aumentar o índice de ocupação da população e recuperar a atividade. "Hoje, a melhor política econômica é a vacinação em massa. Precisamos vacinar rapidamente a população para garantir o retorno rápido ao trabalho", disse.

Países que vacinam mais rápido estão tendo elevações mais fortes nas estimativas para o PIB, indica levantamento do ministério. De acordo com o estudo, cada aumento de dez pontos percentuais nas doses aplicadas por 100 habitantes está ligada a um aumento médio da projeção de 0,13 ponto percentual no crescimento do PIB.

Ao ser perguntado sobre a diferença de discurso na defesa das vacinas e a prática verificada ao longo da pandemia, com a demora do governo para comprar imunizantes, Sachsida não fez comentários. O ritmo de vacinação e o recrudescimento da Covid no Brasil levou nos últimos meses a dúvidas e limitações sobre as perspetivas de curto prazo para a economia nacional.

O FMI (Fundo Monetário Internacional) projetou nos últimos meses que o Brasil deve continuar em ritmo de recuperação até 2022 devido ao ritmo da imunização e à retirada dos estímulos fiscal e monetário.

A atualização de 0,3 ponto percentual para a economia brasileira é mais modesta que a verificada para a economia mundial. O FMI afirmou no mês passado que o PIB global deve crescer 6% em 2021, quase um ponto percentual a mais do que o previsto há seis meses.

Os dados do fundo apontam para um desempenho desigual. As maiores economias foram as que mais tiveram melhora, impulsionadas pela velocidade dos programas de vacinação. Os emergentes também tiveram aumento, mas com menor força. Já as perspectivas para os países mais pobres se tornaram piores.

O mercado calcula atualmente um crescimento de 3,45% para a economia brasileira (conforme boletim Focus, do Banco Central), contra 3,04% de um mês atrás. Mas algumas instituições se mostram ainda mais otimistas, como o Itaú Unibanco -que revisou recentemente a projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 2021 de 3,8% para 4%. A previsão coincide com as contas do ministro da Economia, Paulo Guedes, que aposta em um crescimento acima de 4% neste ano.

No caso brasileiro, o avanço é ajudado também por um efeito estatístico herdado do ano passado. Isso significa que, mesmo que o país não crescesse nada em 2020, ainda haveria um avanço. Nas contas do Ministério da Economia, esse percentual seria de 3,26%

O crescimento do Brasil em 2021 ocorre após uma queda recorde de 4,1% em 2020, resultado do impacto gerado pelo coronavírus?. Foi o maior recuo da série histórica com a metodologia atual, que começa em 1996, superando a retração de 3,5% registrada em 2015.

Na atualização de parâmetros desta terça, o governo também elevou as projeções de inflação. Tanto o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) como o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que reajusta o salário mínimo, tiveram estimativas elevadas para 5,05%.

Antes, estavam em 4,42 e 4,27%, respectivamente. Mesmo mais alto, o percentual para a inflação continua acima do centro da meta (de 3,75%) mas dentro do intervalo de tolerância (5,25%).

O Ministério da Economia ainda vê riscos sobre os preços. Um dos riscos é o hidrológico, com regimes de chuvas que vêm impedindo uma maior geração de energia por parte das usinas hidrelétricas -o que encarece os valores.

Sachsida lembra que os últimos dez anos da economia brasileira foram de crescimento baixo e, ainda assim, houve risco hidrológico -o que, em sua visão, torna mais necessário as desestatizações no setor. "Temos um problema conjuntural de chuvas como estrutural também. Isso reforça a importância do programa de concessões e privatizações", afirma.

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