Dívida pública cai pelo terceiro mês seguido

Em sua terceira queda consecutiva, a dívida bruta do governo foi a 84,5% do PIB em maio, redução de 1,1 ponto percentual em relação ao mês anterior. Os dados foram divulgados pelo Banco Central (BC) nesta quarta (30). De acordo com a autarquia, o resultado se deu, principalmente, pelo aumento do PIB nominal (em reais), que contribuiu em 1,5 ponto percentual.

A queda do dólar de 3,2% no mês puxou a dívida em 0,2 ponto para baixo.​ No total, a dívida bruta somou R$ 6,69 trilhões em maio. Na comparação anual, houve queda de 4,4 pontos percentuais.

Para Fernando Rocha, chefe do departamento de estatísticas do BC, o efeito do PIB na dívida é pontual e deve impactar o endividamento apenas em 2021.

Ele explicou que parte desse movimento é fruto do deflator do PIB calculado para a atividade econômica, que está em torno de 10%, acima do IPCA, índice oficial de inflação do país.​ "Pode ser que permaneça ao longo de 2021 no acumulado do ano, mas é um efeito pontual, não tende a ser permanente", afirmou.

"O crescimento do PIB fez com que a dívida se reduzisse, mas não altera a trajetória de crescimento. É preciso alcançar um nível de superavit fiscal para que essa trajetória se estabilize e seja revertida, o que não ocorreu. Isso reduz a relação dívida/PIB, mas isso não altera os objetivos ou desafios da política fiscal", ponderou Rocha.

A dívida registrou crescimentos expressivos por mês desde o início da pandemia de Covid-19. Depois da chegada do vírus ao país, o governo teve de gastar mais em programas emergenciais, como o auxílio emergencial e linhas de crédito para empresas.

Em fevereiro deste ano, o endividamento alcançou 89,3% do PIB, maior percentual da série histórica iniciada em 2006. No mesmo mês de 2020, último antes dos impactos da crise sanitária, a dívida estava em 75,18%.

A partir de março, contudo, o endividamento começou a cair. A projeção da FGV é de que a dívida se reduza em 5 pontos percentuais até dezembro, chegando a 83,8% do PIB.

"Na seção fiscal, trata-se do recente alívio nos cenários fiscais no curto prazo. Arrecadação acima do esperado no primeiro quadrimestre e aumento das expectativas de crescimento econômico e de inflação viabilizaram melhores projeções de déficit primário e endividamento público para 2021", diz último boletim de análise de conjuntura da instituição.

"Deve-se destacar, no entanto, que questões estruturais permanecem. Depois da esperada redução da dívidaem 2021, há estabilização da dívida bruta apenas em 2025", completa.

Segundo expectativas do mercado coletadas pelo BC, os economistas consultados projetam que a dívida encerre o ano em 83,2% do PIB e volte a crescer nos anos seguintes, chegando a 87,5% em 2025.