Juro baixo cria bolha na bolsa brasileira, afirma Luis Stuhlberger

Por Isabela Bolzani/ FolhaPress

O presidente de uma das maiores gestoras independentes do país enxerga uma bolha na B3, a Bolsa brasileira, por conta da queda da taxa básica de juros, a Selic.

Luis Stuhlberger, presidente da Verde Asset Management, afirmou que a Selic no menor nível histórico tem pressionado a Bolsa ante a maior demanda por ativos mais rentáveis.

"No Brasil existe uma bolha na Bolsa. Os órgãos do CDI estão diversificando tudo o que aparece", afirma.

"Isso é muito bom para economia brasileira, mas o mercado está praticamente forçando o Banco Central a cortar mais a taxa quando, na minha opinião, deveria ter parado no 4,75% para depois não ter que subir de novo", diz.

Para ele, a inflação pode chegar a um patamar de "não linearidade" em algum momento. "Além disso, o que mais impressiona é o mercado precificar inflação de 10 anos. Isso não é posição de se fazer", afirma o gestor do Verde.

O posicionamento foi corroborado pelo fundador da SPX, Rogério Xavier.

Para ele, o nível atual de juros já deve ser visto com cuidado, uma vez que os efeitos da política monetária são sentidos apenas de 15 a 18 meses depois do início do ciclo.

"Com o efeito defasado, estaremos na meta em 2020, mas não há mais o que pode ser feito. É preciso primeiro ver a evolução das coisas e como se manifesta e se preparada a nova política monetária sobre a economia", afirma.

Para Xavier, a estimativa de juros nominais neutros da economia está em 6,5%.

"Se forçarmos a mão demais e fazer uma política monetária muito frouxa, teremos que restringir de novo e voltar para os juros nominais de 8%. É um risco-retorno muito ruim para reverter e é preciso cuidado", diz.