O Consórcio que fez sumir R$ 48.000.000,00

O Consórcio que fez sumir R$ 48.000.000,00

Por Cláudio Magnavita*

O relatório da CPI do Senado deixou de fora a jogatina dos 300 respiradores do Consórcio Nordeste, que fez evaporar R$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhões) entregues a uma empresa que comercializava derivados de maconha e tinha poucos meses de fundada, com capital social de R$ 100 mil.

A tentativa de varrer para debaixo do tapete esta sujeira continua com o pedido de adiamento dos depoimentos dos principais envolvidos. Quem segurou o bastão de forma corajosa foi a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, especialmente o seu presidente, Kelps Lima. Um deputado com atuação de duas décadas na advocacia que não tem dado trégua para a turma do Consorcio, formado por nove estados da Região Nordeste.

O Correio da Manhã fez uma série de denúncias sobre o tema e não abandonamos a questão. A retomada dos depoimentos e a quebra do sigilo de Carlos Gabas vai alimentar nosso noticiário dos próximos dias. Foi o primeiro de vários outros negócios que seriam feito com preço superfaturado e utilizando empresas duvidosas. Para felicidade dos cofres públicos, o naufrágio desta primeira armação gerou um efeito cascata sobre os outros dois que estavam em curso. Seriam quase R$100 milhões na segunda etapa.

O deputado pernambucano Alberto Feitosa enviou ofício ao seu colega potiguar solicitando compartilhamento de prova e vai apertar o calo do governador de Pernambuco. O exemplo de Feitosa será seguido por outros parlamentares estaduais, criando uma frente para expor a engenharia armada por Bruno Dauster, ex-chefe da Casa Civil do governador da Bahia, Rui Costa. Ele foi afastado do cargo e está fugindo do depoimento na CPI-RN.

A subprocuradora-geral da República, Lindôra Araujo, tem reunido provas sobre esse esquema criminoso, e depende do STJ, já que parte dos envolvidos tem foro privilegiado, por serem governadores. A figura central que abrigou esta negociata é o governador Rui Costa. Foi o primeiro presidente do Consórcio Nordeste, abrigou o Carlos Gaba, ex-ministro da Dilma, e foi ao lado do seu gabinete que Bruno Dauster, um ex-executivo da OAS, realizou toda engenharia da compra fantasma, pagando antecipadamente, sem garantias e exigindo sobrepreço. É um dos maiores escândalos do país e abafado por incluir o filho do relator da CPI, senador, Renan Calheiros, como protagonista.

 

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã