Arca de Noé virou pecado?

Arca de Noé virou pecado?

Por Cláudio Magnavita*

Durante a campanha de 2018 e no afunilamento do segundo turno, o que o candidato Eduardo Paes mais temia era o efeito da super compra de materiais médicos realizada pelo seu oponente, Marcelo Crivella, na China, e que chegaram exatamente na pandemia. Enquanto muitos compravam equipamentos superfaturados ou simplesmente não achavam esses insumos, inclusive respiradores, os objetos de desejo de todo o planeta, o Rio recebia aviões lotados de preciosos equipamentos. Falava-se da Arca de Noé da Saúde e até na inspiração divina do prefeito, um homem de Deus e bispo da Igreja Universal, que, lutando contra tudo e todos, fez uma super compra e ainda conseguiu financiar em cinco anos. O Rio, graças à decisão do ex-prefeito, chegou a emprestar respiradores ao estado e a outros municípios. Salvou muitas vidas. Com horário gratuito nas mãos, o então candidato Eduardo Paes não deu um pio contra a compra e nem criticou a decisão. Eleito prefeito, agora ele e o seu braço direito, o deputado Pedro Paulo, passam a demonizar, termo correto, a compra, e chamam os chineses para devolver equipamentos. Até o hospital de campanha entrou na lista como de malfeitos do ex-prefeito. Lamentável que só agora reclamem. É o lado sórdido da nossa política.

 

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã