Só Freud explica a má vontade do Governo Federal com o Rio

Só Freud explica a má vontade do Governo Federal com o Rio 

Por Cláudio Magnavita*

É inacreditável como o Governo Federal enrola o estado do Rio de Janeiro de forma seguida. O que aconteceu agora com o edital do Santos Dumont foi mais uma das ursadas federais com o estado. A sinalização do ministro Tarcísio Freitas, que é carioca, é que os pleitos fluminenses para preservação do Galeão seriam atendidos e incorporados ao edital. O que ocorreu foi exatamente o contrário das sinalizações de acordo. O edital da Anac é um tapa na cara da sociedade fluminense e de todas as entidades empresariais que participaram das audiências públicas. Precisamos reagir de forma indignada e imediata.

A coleção de malfeitos contra o Rio por parte do Governo Federal é enorme. Vale lembrar que a compensação da questão ferroviária do Rio foi totalmente desviada para o metrô de Belo Horizonte. Receita gerada por ativo ferroviário fluminense transferido para os mineiros.

O capítulo mais grave é o da recuperação fiscal. Até hoje o contrato definitivo não foi assinado e o estado, que serviu de modelo e cobaia, não teve a sua renovação sacramentada. A equipe econômica do ministro Paulo Guedes, na maioria formada por cariocas, não esconde a sua má vontade com a pauta fluminense.

O irônico é que o estado é a base parlamentar da família Bolsonaro. Um dos senadores do Rio é Flávio Bolsonaro. O marqueteiro presidencial é o vereador Carlos Bolsonaro e o próprio presidente foi vereador e deputado pelo estado.

Nesta equação política, Cláudio Castro é o único governador do Partido Liberal, legenda que abraçou o presidente Bolsonaro e sua família. Na região Sudeste é o único estado comandado por um aliado incondicional do presidente. Não há lógica neste desrespeito à agenda fluminense. O Rio é tratado como terra de ninguém, na qual cada autoridade federal tenta tirar lasquinha ou o tem como reserva de mercado.

O que Brasília não percebe é que o Rio que era comandado por um arqui-inimigo do presidente já mudou de comando há muito tempo. Ele está unindo entidades empresariais e setor privado. A união partidária que foi formada tendo como geocentro político o Palácio Guanabara e não se reproduz em nenhuma outra unidade federativa. A relação da área com o Rio precisa ser repensada e a questão do Santos Dumont foi a gota d´água.

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã