Águas do Brasil e os seus pecados no Rio

Águas do Brasil e os seus pecados no Rio

Por Cláudio Magnavita*


O leilão realizado em São Paulo, na sede da B3, foi cheio de significados. O intervalo de oito meses e a forma respeitosa que os ganhadores do primeiro leilão animaram um novo entrante. O ágio de 90% foi uma demonstração de confiança no sistema e que liquidou por nocaute o outro concorrente, que também ofereceu um ágio de 30% e esperava entrar na briga.

A Águas do Brasil já atua na P5, só em saneamento e de forma conjunta com a Cedae, na distribuição de água. A diferença entre ela e os outros dois parceiros, a Iguá e Águas do Rio, é o passivo que adquiriu na relação com o consumidor nos mercados em que já atua. Enquanto a Aegea, através das Águas do Rio, dá um show de relações institucionais, com a empresa e o consumidor, no site Reclame Aqui, a Águas do Imperador tem a pontuação de 4,9 e é incluída na categoria “Não Recomenda”. O índice de solução é de 41,7% e a nota do consumidor é 3,33. Já a outra concessionária do grupo, a Águas de Niterói, recebe pontuação similar, de 4,8 pontos, também incluída na categoria “Não Recomenda”. O índice de solução às reclamações cai para 37% e recebe apenas nota 3 pelos consumidores.

Ao ampliar a sua atuação e investir R$2,2 bilhões nesta outorga, é necessário que a empreSá mude a sua forma de agir nos mercados que já lhe são cativos. Além deste valor, existe também a responsabilidade de investir R$4,7 bilhões. Tomara que este montante ajude a criar uma musculatura  para mudar a forma da empresa de agir no Rio, não apenas com o consumidor, mas com o seu corpo funcional, também alvo de insatisfação.

O contrato a ser assinado é duro e prevê uma fiscalização rivirosa da forma de agir, sem as velhas práticas de Niterói e, especialmente, em Petrópolis, que foi a primeira cidade do estado a outorgar a concessão de água e esgoto. A Águas do Imperador assumiu a concessão municipal em 1° de janeiro de 1998 e, nestas duas décadas, os investimentos têm sido morosos e ralos.

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã