Galeão: existe um outro lado da moeda

Galeão: existe um  outro lado da moeda

Por Cláudio Magnavita*

O senador Flávio Bolsonaro usou as redes sociais para tentar mostrar um lado diferente da questão do Galeão, apontando o encolhimento do mercado, e não o crescimento do Santos Dumont. Os dados utilizados pelo senador são os mesmos usados pelo ministro Tarcísio Freitas, para justificar o avanço da licitação do Santos Dumont. Só que o problema é muito mais complexo do que tentam justificar.

O Galeão foi concebido como o aeroporto internacional do Brasil. Foi criada a ARSA durante o Regime Militar, em uma época que o Brasil era pensado de forma estratégica. O grande terminal da nação foi concebido como um trevo de quatro pétalas, das quais só duas foram concretizadas. Não existia Guarulhos e os voos internacionais de São Paulo partiam de Viracopos. O Rio era o hub internacional do país. O Galeão concentrava todos os voos internacionais e a sua conectividade fazia que o Brasil embarcasse e voltasse pelo Rio. Um verdadeiro monopólio das rotas estrangeiras.

Tudo mudou com Guarulhos e a construção de aeroportos internacionais em quase todas as capitais. O Galeão foi turbinado novamente para a Copa, Olimpíada e a Odebrecht, por capricho do seu capo-mor Marcelo, exigiu de Dilma Rousseff a concessão e pagou um preço inviável da outorga. Equivale a quase tudo que foi arrecadado pelo primeiro leilão do saneamento do Rio.

O erro de Tarcísio é onerar o edital do Santos Dumont, agregando aeroportos que não são do Rio, e não permitir gatilhos que protejam, não o Galeão e seu concessionário, mas os voos de longo curso que só um aeroporto desse porte pode receber.  Que o Santos Dumont seja privatizado sem beneficiar outros estados e que o edital proteja a conectividade dos voos internacionais, que são fundamentais para o turismo. A concessão do Galeão é hoje impagável.

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã